Por fabio.nascimento

Os países emergentes terão um crescimento econômico mais "decepcionante" do que o previsto em 2014, com o Brasil à frente, e não estarão a salvo da volatilidade financeira, alertou o Banco Mundial (BM) nesta terça-feira.

Segundo suas novas previsões, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países em desenvolvimento deve aumentar 4,8% em 2014, menos do que os 5,3% previstos em janeiro e inalterada em relação a anos anteriores.

De acordo com o BM, essa revisão para baixo é explicada pelo "pobre" primeiro semestre, marcado pelas repercussões da crise na Ucrânia, pelo "reequilíbrio" econômico na China e pelos "problemas políticos" em países como Brasil e Turquia.

"As taxas de crescimento são muito fracas no mundo em desenvolvimento (...) para permitir o fim da pobreza extrema durante nossa geração", lamentou o presidente da instituição multilateral Jim Yong Kim, citado em um comunicado.

Atrás da locomotiva chinesa, com uma taxa de crescimento em 2014 situada em 7,6% este ano (contra 7,7% em 2013), outros países correm risco de ter um ano apenas regular, de acordo com as previsões do banco.

Esse é o caso do Brasil, que deve crescer apenas 1,5%, um ponto a menos do que o previsto, apesar do prometido "efeito Copa do Mundo".

Os países em desenvolvimento podem atualmente se apoiar no aumento do crescimento dos Estados mais ricos, mas podem se ver novamente desestabilizados pelo progressivo retorno dos Estados Unidos a sua política monetária "normal", advertiu o Banco Mundial.

Na primavera do hemisfério norte em 2013 e em janeiro, antecipando-se a um aumento das taxas nos Estados Unidos, os investidores retiraram repentinamente seu dinheiro dos países emergentes, privando-os de uma fonte de financiamento crucial e provocando uma desvalorização de seus moedas.

"É provável que ocorram novos episódios de volatilidade quando os investidores especularem com o calendário e o alcance das mudanças na política econômica dos países ricos", ressalta o relatório do BM.

De acordo com o banco, os países em desenvolvimento dispõem atualmente de "uma breve janela" de oportunidade para se dotarem dos meios de absorver novos choques, por exemplo, reduzindo seu déficit.

"Talvez o maior desafio para os países em desenvolvimento consista em manter o crescimento a médio prazo", ressalta Khaushik Basu, economista-chefe da instituição.

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