Por monica.lima

São Paulo - Greves, protestos e feriados em dia de jogos da seleção brasileira durante a Copa do Mundo podem trazer prejuízos ao setor produtivo. A demora em chegar ao local de trabalho por conta do trânsito ou da falta de transporte público atrasa o início do turno de trabalho. Já um feriado, se não planejado, representa alguns milhões de reais a menos no faturamento. Só na cidade de São Paulo, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) calcula que um dia útil de produção perdido equivale a R$ 515 milhões na indústria de transformação.

Alguns setores têm revisado as projeções de crescimento para este ano por conta dos dias parados e outros adaptam-se para mitigar possíveis impactos negativos. As empresas de logística fazem parte desse segundo grupo. Ainda assim, a expectativa é de desaceleração no segundo trimestre de 2014.

De acordo com estudo da Maersk Line, empresa de movimentação de carga por contêiner, as recentes greves que se espalharam pelo Brasil, aliadas à aceleração da inflação, levaram à queda da confiança do consumidor e diminuíram a intenção de compra. A previsão da empresa é que a redução constante no nível dos reservatórios das hidrelétricas pode causar uma surpresa desagradável para o desempenho do comércio nacional por conta de um possível racionamento de energia.

“Com isso, nossos clientes, tanto de exportação quanto de importação, projetam uma redução de negócios para o segundo semestre, o que afeta diretamente o nosso negócio”, afirmou o chefe de vendas da empresa no Brasil, Mario Veraldo. A Maersk revisou para baixo a projeção de crescimento do faturamento para este ano na comparação com 2013. “No início deste ano, projetávamos expansão entre 5% e 6%. Em vista do novo cenário, já comprovado na redução da movimentação de cargas deste segundo trimestre, revisamos para 4%”, disse.

Para evitar uma queda ainda maior por conta dos feriados em dias de jogos do Brasil durante a Copa , a empresa planejou a operação de toda a cadeia onde atua de forma a ter o mínimo possível de paradas.

“Os trabalhadores dos portos vão parar duas horas antes do início dos jogos. Por isso, organizamos o gerenciamento de nossas operações de tal forma que nossos clientes não sofram atraso na entrega ou no recebimento das mercadorias”, afirmou Veraldo.

Já a Brasil Terminal Portuário (BTP), que atua no Porto de Santos, vai interromper o atendimento 30 minutos antes do início da partida nas áreas operacionais do terminal nos dias dos jogos do Brasil. Mas o plano da empresa é retomar as atividades imediatamente depois do término das partidas. As paradas programadas têm o objetivo de simplesmente minimizar as inevitáveis.

De acordo com cálculos elaborados pelo economista Fábio Pinada, da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), para cada 10% de trabalhadores que ficarem em casa em dias de jogos, haverá uma perda correspondente a 0,3% do PIB. Para evitar prejuízos e garantir o negócio do cliente, a JSL, também de logística, se prepara para que alguns dos serviços prestados não sejam prejudicados. No caso do laboratório Fleury a preocupação da JSL é de que as coletas e entregas de material sejam feitas dentro do prazo, uma vez que alguns desses procedimentos são ultra-sensíveis. “Temos um centro de gerenciamento de trânsito que monitora todo o tráfego, oferecendo rotas alternativas em caso de congestionamento ou mesmo de protestos. É quando o trânsito para", afirmou o diretor-executivo da JSL, Fabio Velloso. Durante a recente greve do Metrô de São Paulo, que causou recorde de congestionamentos, nenhuma entrega ou coleta de exame domiciliar do laboratório deixou de ser feita.

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