A Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirmou nesta terça-feira que não há problemas na produção de petróleo por causa da crise no Iraque e que qualquer aumento dos preços deve ser atribuído à especulação.
"O mercado está bem alimentado", afirmou o secretário-geral Abdulah El Badri, em uma visita a Bruxelas para se reunir com o comissário europeu de Energia, Gunther Oettinger.
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"Não há desabastecimento de petróleo nos mercado em nenhum lugar do mundo. Claro que há um conflito no Iraque, mas isso não afetou a produção da região", insistiu.
Combates no Iraque
O exército iraquiano tentou repelir nesta terça-feira um ataque dos insurgentes sunitas contra a principal refinaria de petróleo do país e seu avanço no oeste.
Em meio ao conflito, o secretário de Estado americano, John Kerry, tenta promover a unidade política para evitar a fragmentação do Iraque.
Kerry se reuniu em Erbil (norte) com líderes curdos após prometer a Bagdá um apoio intensivo para deter a ofensiva que permitiu aos jihadistas tomar grandes faixas de território, deslocando centenas de milhares de iraquianos e pressionando o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki.
Ao amanhecer, os rebeldes, liderados pelo Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), lançou um novo ataque para retomar o controle da refinaria de Baiji, 200 km ao norte de Bagdá. Contudo, os soldados conseguiram repelir a agressão, segundo autoridades locais. Os soldados receberam o apoio da força aérea, que realizou ataques em Baiji.
Uma autoridade local acusou os insurgentes de se esconderem nas casas dos bairros residenciais nas redondezas. Dez crianças e nove mulheres foram mortas nos ataques, de acordo com outra autoridade, enquanto a TV estatal falou de 19 terroristas mortos.
O Exército havia impedido em meados de junho um ataque anterior contra a refinaria, um episódio que aterrorizou os mercados de petróleo, sendo o Iraque o segundo maior produtor da Opep.
Este foi um raro sucesso do Exército, depois de sua derrota total nos primeiros dias da ofensiva lançada em 9 de junho pelas forças insurgentes, que consolidaram a sua autoridade sobre muitas regiões do norte, oeste e leste.
Na província ocidental de Al-Anbar, onde os insurgentes controlam várias cidades, o Exército apoiado por tribos locais repeliram um ataque à cidade de Haditha, que abriga uma grande usina elétrica. A Força Aérea também realizou ataques em duas pontes vitais sobre o rio Eufrates, perto da cidade de Al-Qaim, usadas por insurgentes, matando 13 pessoas.
Processo de desintegração
Enquanto os jihadistas se encontram a menos de 100 km de Bagdá, Kerry tentou convencer o presidente da região autônoma do Curdistão, Massoud Barzani, a participar de um governo de unidade para evitar que o país mergulhe no caos.
No entanto, sua missão parece difícil, pois Barzani pediu a demissão de Maliki, que parece querer permanecer no poder, apesar das duras críticas contra sua política religiosa que tem marginalizado a minoria sunita.
"Como todos sabem, este é um momento muito crítico para o Iraque, e a formação de um governo é o nosso maior desafio", disse Kerry ao seu interlocutor.
As profundas divergências que assolaram o país bem antes da ofensiva jihadista impediram a formação de um novo governo após as eleições de abril, quando o bloco de Maliki venceu. E sua formação tornou-se mais urgente depois da ofensiva.
Para aumentar a instabilidade, as forças curdas tomaram diversas áreas após a retirada do Exército frente o avanço dos insurgentes, incluindo a cidade multiétnica e rice em petróleo de Kirkuk.
"Hoje vivemos em uma era diferente", declarou Barzani em entrevista à CNN, acusando Maliki de ser o "responsável pelo que aconteceu" no Iraque. "O Iraque está claramente em processo de desintegração e é claro que o governo federal ou central perdeu o controle sobre tudo."