Por marta.valim

O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu com veemência o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado ontem, que coloca o Brasil entre as economias emergentes mais vulneráveis à mudança futura do nível das taxas de juros internacionais. “Com atraso, o FMI está cometendo um erro que foi cometido por outros analistas”, declarou o ministro, que admitiu não ter lido o relatório mas decidiu fazer os comentários a partir da repercussão que o texto alcançou nas agências de notícias. Mantega também afirmou que o Brasil não entrará em recessão. “Não haverá recessão. Quem está falando em recessão está equivocado”, declarou.

“Não sei o autor do relatório (do FMI), é um segundo escalão”, disse. Para o ministro, o relatório repete uma análise feita no passado que caiu no vazio, referindo-se à tese dos “cinco frágeis” primeiro feita pelo banco Morgan Stanley no ano passado e depois adotada pelo mercado, segundo a qual o Brasil, junto com Turquia, Indonésia, Índia e África do Sul, integraria o grupo dos países com economias mais suscetíveis a sofrer com a queda da liquidez internacional. Segundo Mantega, não há hoje no sistema financeiro internacional nenhuma instituição importante fazendo esta análise.

O ministro ressaltou que o país continua atraindo investimentos externos, tem reservas cambiais elevadas e uma dívida externa de curto prazo pequena, equivalente a apenas 7,6% do total. “O Brasil tem a confiança do mercado internacional”, disse. “O Brasil tem uma situação sólida. Ela nos permitiu atravessar as turbulências causadas pelo FED no passado. Tudo foi superado. Isso nos pôs à prova”, reforçou.

O ministro disse, ainda, que não acredita em um default da Argentina no pagamento de sua dívida reestruturada. “Acho difícil que aconteça (um calote). Se a Argentina não pagar, será ruim para todos”, diz. Para ele, é uma situação em que há espaço para negociação.

Na mesma entrevista, Mantega defendeu também a flexibilização do compulsório realizada pelo Banco Central com o objetivo de estimular o crédito. Segundo ele, a medida não é inflacionária nem incoerente. “As medidas foram corretas , foram para colocar mais liquidez na economia e vão reativar o crédito”, disse, acrescentando que embora elas “não tenham grande impacto” ajudarão a economia a ingressar no segundo semestre com alguns estímulos.
Ele também descartou efeitos sobre a inflação. “O combate à inflação é exitoso. A inflação continuará em trajetória descendente”, lembrando que o repique recente dos índices se deveu ao choque de alimentos, à estiagem e à Copa do Mundo. Para ele, não há conflito com a política de aperto monetário. “O crédito livre está muito apertado, crescendo abaixo da inflação. É uma liberação moderada que vai reativar um pouco o crédito”.

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