Por parroyo
As investigações da Polícia Federal sobre o escândalo que envolveu a Petrobras podem encontrar o maior esquema de lavagem de dinheiro já registrado no país e apontam para suspeitas de participação de mais companhias internacionais num caso de corrupção generalizada.
A delegada da PF Erika Marena disse que a quantidade de dinheiro envolvido provavelmente será maior do que os US$ 28 bilhões registrados em transferências ilícitas entre 2003 e 2007 no caso Banestado, até hoje considerado o maior esquema de lavagem de dinheiro no Brasil.
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"Se você for considerar o valor investigado, o valor da obra da Petrobras, com certeza o potencial da investigação é ultrapassar em muito este valor", afirmou Erika em entrevista por telefone, em Curitiba, onde ela e outros agentes anteriormente trabalharam no caso do Banestado, há cerca de uma década.
A Polícia Federal está trabalhando em meio a pilhas de documentos, incluindo uma lista de 750 projetos de infraestrutura que podem ter tido fundos desviados para contas bancárias no exterior, enriquecendo executivos, políticos e partidos.
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O caso tornou-se a maior crise para a presidente Dilma Rousseff, ameaçou suspender projetos de construção muito necessários e reduziu o valor da estatal Petrobras quase pela metade em dois meses.
Erika falou à Reuters na noite de terça-feira, antes de a polícia prender o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. A promotoria o acusou de envolvimento em corrupção e lavagem de dinheiro, embora seu advogado tenha dito que ele não cometeu nenhum crime.
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Os promotores dizem que Cerveró levou propina da empresa sul-coreana Samsung Heavy industries, que não tinha respondido a um pedido de comentário, e de outras companhias para garantir contratos com a Petrobras na costa da África e no Golfo do México.
A delegada disse que outras empresas internacionais provavelmente estão envolvidas. "Não posso citar nomes, mas há indícios de que outras grandes empresas internacionais estavam pagando propinas para conseguir contratos aqui no Brasil também", disse ela.
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Advogados brasileiros disseram as empresas estrangeiras poderiam ser processadas aqui sob a nova lei anticorrupção do Brasil, que entrou em vigor em janeiro de 2014.
Beacon Hill 
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A polícia e uma força-tarefa de jovens promotores ambiciosos de Curitiba ganharam fama internacional depois de seu trabalho relacionado a cambistas brasileiros envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro relacionado à agência Beacon Hill, há uma década.
Sua investigação contribuiu para que fosse revelado o primeiro grande caso de lavagem de dinheiro após os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.
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As autoridades esperam que a operação Lava Jato ajude a acabar com a prática generalizada de pagamento de subornos no Brasil e também se esforçam para obter recursos roubados de volta, uma batalha que elas já estão habituadas a travar.
"Nós corremos atrás do passado no Banestado. Chegamos sempre alguns anos depois que as contas se encerraram", disse, referindo-se à investigação relacionada ao extinto banco, que conseguiu obter de volta US$ 1 bilhão. "(Agora) Estamos trabalhando com muitos fatos atuais, contas abertas", ela acrescentou.
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Um dos principais operadores do caso Banestado, o doleiro Alberto Youssef, é um importante delator das investigações da Lava Jato.
A polícia descobriu a relação depois que começou a investigar 10 bilhões de reais em operações financeiras suspeitas envolvendo Youssef, disse Marena.
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Youssef é uma das 39 pessoas, incluindo ex-executivos e líderes de empreiteiras do Brasil, que foram acusadas no mês passado de formação de quadrilha por canalizar subornos para contratos superfaturados da Petrobras. Mais acusações são esperadas.
A Polícia Federal e o Ministério Público estão cada vez mais contando com a cooperação internacional na investigação, disse Marena.
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Isso pode prolongar as investigações, mas também poderia ajudar a apontar mais projetos envolvidos em corrupção, bem como contas bancárias escondidas, disse ela.
O foco das investigações também deve se expandir em fevereiro para políticos que podem ter recebido subornos.
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A presidente Dilma Rousseff foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010, quando grande parte do alegado esquema de corrupção teria ocorrido, mas ela diz que não teve envolvimento no escândalo.