Por bruno.dutra
São Paulo - O desânimo e o ceticismo predominam nas expectativas para o primeiro semestre de 2015 da indústria paulista. De acordo com levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), 84,4% representantes de empresas do setor afirmam que não pretendem realizar contratações até julho, porque 39,1% acreditam que seus volumes de produção serão semelhantes aos alcançados no primeiro semestre de 2014, enquanto 36,3% dos entrevistados estimam queda de produção.
Em relação às vendas para o mercado interno, 36,8% esperam um recuo no começo do ano, enquanto 35,6% preveem uma repetição de resultados do primeiro semestre do ano passado. Quanto a estimativas para as exportações, 40,2% dos entrevistados projetam uma repetição de resultados e 30,2% esperam redução do volume de negócios.
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“Se a pesquisa tivesse sido realizada hoje, depois do anúncio das medidas contracionistas da equipe econômica do governo, certamente captaria um clima de pessimismo ainda maior”, afirma Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp. Segundo ele, 2014 foi um ano ruim para a indústria , com um desempenho ainda mais negativo no segundo semestre — o pior registrado desde 2009 — com queda de produção, vendas e exportações em mais da metade das empresas paulistas.
“Nos últimos três anos, registramos 300 mil demissões, sendo 128 mil no ano passado. Logo no início do segundo mandato, a presidente anuncia medidas que só vão contribuir para diminuir a demanda e inibir o crescimento do país, como o aumento da cobrança do IOF sobre as compras a crédito, e dos juros sobre as operações do BNDES. Já que a esperança é a última que morre, aguardamos o momento em que Dilma anunciará alguma medida que favoreça a indústria”, diz.
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Segundo Francini, os empresários do setor esperam que o governo aumente a alíquota de devolução do Reintegra — programa que devolve aos empresários uma parte do valor exportado em produtos industrializados por meio de créditos do PIS e Cofins — que foi elevado de 0,3% para 3% no ano passado.