Por douglas.nunes

A indústria brasileira voltou a registrar contração em fevereiro após dois meses de fôlego diante da queda do volume de produção e de novos pedidos, mostrou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira.

O Markit, que compila a pesquisa, informou que o PMI caiu a 49,6 em fevereiro contra 50,7 em janeiro, quando havia registrado o maior nível em um ano.

Assim, volta a ficar abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração, território onde permaneceu por sete meses do ano passado, a última vez em novembro.

"A principal característica dos dados de fevereiro foi o impacto do enfraquecimento do real, que está elevando o custo dos insumos, particularmente aqueles precificados em dólares", destacou o economista sênior do Markit Paul Smith.

"A infeliz tendência de falta de crescimento e preços em alta que têm sido uma recente característica da economia brasileira, portanto, continua", completou ele.

Segundo o Markit, o fortalecimento do dólar em relação ao real fez com que os preços de insumos aumentassem em fevereiro, pelo quarto mês seguido, levando a um crescimento dos preços médios cobrados pelos fabricantes.

Diante do aumento dos preços, as empresas destacaram fraqueza da demanda, principalmente do mercado interno. Já os novos pedidos para exportação cresceram na comparação com o mês anterior, mas apenas ligeiramente pelo terceiro mês seguido.

Os produtores de bens de consumo chegaram a registrar aumentos modestos nos níveis de produção e de novos trabalhos, mas não suficiente para compensar as fortes quedas vistas em bens de investimento.

Em relação ao emprego, houve pouca alteração em fevereiro, mas ainda assim o subíndice relativo permaneceu acima da marca de 50 pelo terceiro mês seguido, período mais longo desde o primeiro trimestre de 2013.

A indústria tem sido um dos principais pesos sobre a economia brasileira. O setor fechou 2014 com queda da produção de 3,2%, pior resultado em cinco anos e com forte debilidade dos investimentos.

Diante da perspectiva de possíveis racionamentos de energia e de água, além do cenário atual de inflação e juros elevados, o mercado já vê nova contração este ano. Após subir em janeiro, a confiança da indústria recuou 3,4% em fevereiro, maior queda desde junho, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).

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