Por diana.dantas

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reuniu ontem empresários e representantes das seis maiores centrais sindicais para discutir o momento pelo qual passa a economia e sobre formas de ação unificada junto ao governo Dilma Rousseff e ao Congresso Nacional em prol do setor industrial e contra aumento de impostos. Em um ato inusitado, empresários e sindicalistas decidiram por unanimidade impedir o envio das medidas provisórias (MP) 664 e 665 e a ex MP-669, que trata da desoneração das folhas de pagamento, inclusive como projeto de lei.

“Vou ligar para a presidente Dilma e comunicar o resultado desta reunião. Também vamos pedir o recuo do envio das medidas provisórias. Cada um dos representantes aqui fará o mesmo através de suas bases. Não vamos aceitar mais nenhum aumento de imposto”, disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

No caso da ex MP que trata da desoneração, o grupo se posicionou de forma a sequer aceitar que seja encaminhada para projeto de lei. “O governo precisa diminuir os gastos da forma correta, não da forma cômoda”, disse Skaf. Em relação às MPs ligadas mais diretamente aos direitos trabalhistas e de aposentados, Skaf deixou claro que o grupo vai impedir que seja encaminhada como MP, mas que poderá ser discutida como projeto de lei, de uma forma pensada mais tranquilamente, e não com a urgência atual. “Se o governo insistir nessas medidas, vamos cerrar fileira”, acrescentou.

Segundo Skaf, a questão das desonerações não afeta apenas os empresários, mas dá garantia aos trabalhadores. Ele não quis discutir a questão do desemprego que começa a preocupar os brasileiros. No ano passado, apesar das desonerações, foram fechadas 142 mil vagas de emprego apenas na indústria paulista.

Na reunião de ontem, foi criado também um comitê permanente e emergencial para discutir redução de impostos, de gastos e de juros. “Esse comitê começa a se reunir na próxima semana para discutir maneiras urgentes de frear os juros, reduzir os impostos e diminuir os gastos públicos de forma permanente”, disse o representante da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Canindé Pegado. O grupo será muito parecido com o conselhão criado pela presidenta Dilma, mas agora reunindo também os sindicalistas. “Nossa preocupação é com o momento que o Brasil passa. Queremos encontrar caminhos para uma travessia emergencial e, depois, buscar saídas para o crescimento do país”, complementou Skaf.

Para os participantes, a reunião foi a favor do Brasil, nem contra ou a favor de governos. “Vemos o Brasil como um paciente na UTI em que o oxigênio está acabando, sem ver o novo oxigênio de reposição chegando para salvar”, disse o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

Você pode gostar