Por diana.dantas

Estrasburgo/Bruxelas - A corrida para salvar a Grécia da falência e manter o país na zona do euro ganhou força nesta quarta-feira, quando o governo grego solicitou formalmente um empréstimo de três anos e as autoridades europeias aceleraram a avaliação da proposta.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu em discurso no Parlamento Europeu um acordo justo, reconhecendo a responsabilidade histórica da Grécia pela situação, depois que líderes da União Europeia deram ao premiê cinco dias para apresentar planos convincentes de reformas.

O governo grego pediu ao fundo de resgate Mecanismo Europeu de Estabilidade um empréstimo de uma quantia não especificada "para cumprir as obrigações da dívida da Grécia e garantir a estabilidade do sistema financeiro". Atenas prometeu começar a implementar medidas fiscais e previdenciárias exigidas pelos credores já a partir de segunda-feira.

Com bancos fechados, saques de dinheiro limitados e a economia em queda livre, a Grécia nunca esteve tão perto do estado de falência, que provavelmente forçaria o país a abandonar o euro e imprimir uma moeda alternativa.

No entanto, o primeiro-ministro parecia quase indiferente, embora com um tom de humildade, quando compareceu perante os parlamentares europeus em Estrasburgo, na França, em meio a aplausos e vaias.

Ao falar horas depois que líderes da zona do euro deram um prazo à Grécia até o fim da semana para apresentar amplas propostas de reformas, Tsipras disse que os gregos não tinham escolha, a não ser exigir uma saída "deste impasse".

"Estamos determinados a não confrontar a Europa, mas enfrentar o establishment em nosso próprio país e mudar a mentalidade que derrubará a zona do euro e nós", disse ele, sob aplausos da esquerda. Mas ele deu poucos detalhes de seus planos de reformas, frustrando muitos parlamentares.

O chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, solicitou à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu uma avaliação do pedido de empréstimo e da sustentabilidade da dívida grega, além de um estudo sobre se a Grécia representa um risco para a estabilidade financeira da zona do euro.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, reiterou que a enorme dívida da Grécia precisará de uma reestruturação, uma possibilidade que a Alemanha tem resistido.

"A Grécia está numa situação de crise aguda, que precisa ser tratada com seriedade e rapidez", disse ela no Instituto Brookings, em Washington, nos Estados Unidos.

Tsipras prometeu apresentar planos de reformas detalhados na quinta-feira e evitou a retórica áspera que irritou muitos parceiros europeus. Ele criticou, no entanto, as tentativas de "aterrorizar" os gregos a votar pela "austeridade sem fim".

O Banco Central Europeu mantém os bancos gregos com rédea curta, ao congelar os fundos de emergência, o que significa que as instituições financeiras poderão ficar sem dinheiro em breve. O governo grego disse que os bancos permanecerão fechados até 13 de julho, com um limite inalterado de saques em caixas eletrônicos de 60 euros por dia.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, reiterou que o prazo final para a Grécia apresentar reformas convincentes e começar a implementá-las acaba nesta semana.

"A nossa incapacidade de encontrar um acordo pode levar à falência da Grécia e à insolvência do seu sistema bancário", disse Tusk a parlamentares da UE. "E com certeza vai ser mais doloroso para o povo grego."

"Não tenho nenhuma dúvida de que isso vai afetar a Europa, também no sentido geopolítico. Se alguém tem qualquer ilusão de que não vai, é ingênuo", acrescentou.

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