Por monica.lima

Nos últimos dias, o governo passou a viver do “se”, uma situação muito desconfortável. Se o dia 12 de abril trouxer mais gente para as ruas e se a popularidade da presidente continuar se aproximando de um dígito, o Palácio do Planalto ficará sem a próxima jogada. Corre o risco de ser jogado nas cordas, pois não tem o que oferecer para aliviar o clima desfavorável. A maioria das ideias proativas de que dispõe custa caro, logo, afeta o ajuste. É que o país só cabe dentro do horizonte do ajuste.

Por exemplo: a presidente poderia fazer um gesto simpático em direção ao senador Paulo Paim, intransigente adversário do pacote do ministro Levy, e prometer estudar o “fator previdenciário”, assunto sobre o qual o petista histórico adora conversar. Mas está proibida de tocar nesse assunto numa hora em que a ordem, estabelecida por ela própria, é cortar, se possível na carne, conforme a retórica peemedebista.

Se tentar o diálogo com a oposição, e estaria sendo fiel ao seu discurso de posse, esbarrará nas restrições dos lulistas, que não aceitariam dar as mãos aqueles que querem empurrar o ex-presidente para dentro do petrolão. Não há quem inveje o mundo em que vive a presidente Dilma. Não pode tentar o ajuste político, é prisioneira do ajuste fiscal.

Cobertor curto no campo

O ajuste fiscal fez mais uma vítima: o seguro agrícola, mecanismo importante para assegurar o bom desempenho do campo. O Ministério da Agricultura já assegurou o pagamento de R$ 600 milhões para o custeio da safra. O problema é como formatar o pagamento, pois trata-se de uma pendência do ano passado. Apesar de uma parcela estar vencida, os técnicos da Fazenda, Agricultura e Planejamento ainda não entraram em acordo.

Sinal amarelo

Mais um problema — e cabeludo — para a presidente administrar. Maio está ali na esquina, e com ele a data-base de pelo menos três categorias: rodoviários, metroviários e construção civil. Há dois anos, o governo estimulou os sindicatos a fazer campanhas ambiciosas, em busca de aumentos generosos.

A intenção era evitar agitação em 2014, ano eleitoral. Agora, chegou a conta. Estão previstas negociações complicadas e greves importantes, pois as reivindicações vão incluir a conjuntura desfavorável de inflação alta e votação do ajuste.

Panela de pressão

O ar está irrespirável nos Correios, onde se espera reação iminente de grande parte dos 196 mil associados contra a fraude que fez R$ 68 milhões do fundo de pensão Postalis virarem pó. Militantes do PSOL têm peso relevante na liderança do sindicato e não pretendem facilitar a vida da direção da empresa. Os funcionários estão inconformados, indignados com o tratamento que recebem do estado. Fizeram tudo certo e quando chegou a hora de usufruir os serviços, encontraram um mico no cofre do fundo. A menor coisa que pode acontecer é uma greve radical.

Agenda travada

A agenda comercial Brasil-Estados Unidos avançou, apesar do contencioso político entre os dois países. Sinal disso foi a recente viagem do ministro Armando Monteiro. Mas sem o esclarecimento sobre as novas regras da Agência Nacional de Segurança que mantêm o Brasil sob monitoramento, a pauta da viagem da presidente Dilma não prosperará.

Você pode gostar