Seguidores do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não perderam a esperança de aprovar pelo menos parte da reforma política, apesar da resistência que se cristalizou em relação à proposta. Cunha já teria traçado um roteiro de votação capaz de criar uma atmosfera favorável. Para começar, não abordaria temas que dizem respeito ao Senado, como o tempo do mandato dos senadores. Estes também não interfeririam no sistema eleitoral dos deputados. O fim das coligações e a cláusula de barreira são dois assuntos — principalmente o primeiro — que podem se resolver sem maiores resistências, uma vez definido o sistema eleitoral. Sobre este item, Cunha tenderia a por em votação a proposta do PT (proporcional com lista fechada) e do PSDB (distrital misto). Como há grande chance de que ambas sejam derrotadas, seria a vez de submeter ao plenário o distritão. Acredita-se que esse sistema seria capaz de interessar a pelo menos 300 deputados abrigados nos oito partidos mais importantes, e por isso desfrutar de uma chance de sucesso.
De duas, uma
Uma das perguntas sem resposta sobre o funcionamento do distritão é “com quem ficará o cargo de suplente de deputado?” Com o mais votado depois de todos os eleitos ou com o mais votado depois dos eleitos pelo partido do deputado a ser substituído? Qualquer que seja a resposta, é confusão na certa.
Tamanho do veto
Surgiu uma dúvida sobre a extensão do veto da presidente Dilma a um trecho da MP 665 (abono e seguro-desemprego). Não se sabe se ele se limitará ao período de vínculo empregatício (que passou de um para três meses), como querem os políticos, ou se alcançará o pagamento proporcional do benefício, como insistem os técnicos. Entre um e outro vai uma boa distância em reais.
Ou vai ou racha
Semana dura para a coordenação política. Começa com a repercussão dos cortes. Em seguida, expira o prazo de vigência das medidas provisórias do ajuste fiscal, o que põe mais pilha no lobby por sua aprovação. No caso de rejeição, restará o prejuízo de quem já foi atingido pelas novas regras, um nó burocrático sempre complicado de desatar.
Que fazer?
Sétimo colocado na lista dos que mais sofreram com a tesourada de Joaquim Levy (25,2%, R$ 1,8 bilhão), o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação não sabe o que fazer com um navio-pesquisa comprado por US$ 80 mil pelo ex-ministro Marco Antonio Raupp. Construída na China, a embarcação chega nas próximas semanas ao país e deverá ficar sob administração do Instituto Oceanográfico. Corre o risco de virar um elefante branco.