Washington (EUA) - Não saindo do esperado, o encontro entre os presidentes brasileiro e norte-americano ontem em Washington foi recheado de elogios e troca de afagos, por muitas vezes a palavra gratidão e amizade foram citadas por Donald Trump e Jair Bolsonaro na coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca. A pauta principal? Venezuela. Apesar de ambos afirmarem querer "libertar o país de Nicolas Maduro", medidas efetivas não foram anunciadas. "Todas as opções estão na mesa", disse Trump. Saindo do foco do quintal do vizinho, os dois países anunciaram a criação de dois fóruns: um voltado para executivos e outro para o setor energético, com foco no setor de óleo e gás.
Ao contrário do divulgado pelo Planalto, o encontro entre Trump e Bolsonaro, inicialmente previsto para ocorrer entre os mandatários e seus intérpretes, contou com a participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.
"O Brasil e os Estados Unidos nunca estiveram tão próximos como estão agora", afirmou Trump, que apoiará a entrada do Brasil na Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE) e antecipou que vai designar o Brasil "por fora" para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), organização militar formada por países da Europa e da América do Norte, com origem na oposição ao socialismo liderado, na época, pela União Soviética, hoje extinta.
"Como disse ao presidente (Jair) Bolsonaro, vou designar o Brasil como principal aliado que não é da Otan, e até possivelmente um aliado da Otan. Falei com muitas pessoas a respeito disso. Nossas nações trabalham juntas para proteger os nossos povos do terrorismo, do crime transnacional, das drogas, do tráfico de armas e de pessoas, que está agora na vanguarda do crime", disse.
O status de "aliado preferencial fora da Otan", segundo uma fonte, abre as portas para tecnologia, cooperação e recursos de defesa.
Acordo sobre Alcântara tem que ser ratificado pelo Congresso
Trump voltou a elogiar o Centro Espacial de Alcântara, de onde os Estados Unidos poderão lançar foguetes após ratificação do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, assinado ontem entre os dois países. A ratificação do acordo depende do Congresso brasileiro.
"É um local extraordinário, não vamos entrar nos detalhes, mas devido à localização, muito dinheiro poderá ser poupado. Os voos serão muito mais curtos. A proximidade do Brasil com o Equador faz com que o lugar seja ideal", disse.
Holofotes
Eduardo Bolsonaro foi, nos bastidores, a grande vedete do encontro. Antes das considerações finais dos mandatários deputado federal brasileiro foi o mais assediado por jornalistas no jardim da Casa Branca.
Abertura a empresas dos EUA
Reciprocidade. Segundo Trump essa é sua palavra favorita e, segundo ele, Brasil e Estados Unidos estão dispostos a reduzir as barreiras comerciais. De acordo com o presidente americano, as empresas de seu país "estão prontas para entrar no mercado brasileiro, aguardando mudança nas regras do jogo".
"O presidente Bolsonaro e eu estamos comprometidos em reduzir as barreiras comerciais, facilitar o investimento e a inovação em uma série de indústrias, energia, agricultura, tecnologia. O presidente tem uma visão de liberar o setor privado, de abrir a economia", disse Trump, após o encontro com Bolsonaro.
"E esse é o caminho para que o Brasil tenha um crescimento econômico forte. Nossas empresas estão prontas para entrar quando essas regras do jogo forem iguais", completou.
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