Presidente da República, Jair Bolsonaro, participa da Marcha Para Jesus - Paulo Guereta/Parceiro/Agência O Dia
Presidente da República, Jair Bolsonaro, participa da Marcha Para JesusPaulo Guereta/Parceiro/Agência O Dia
Por O Dia
O presidente Jair Bolsonaro antecipou a pré-campanha à reeleição ontem, antes de chegar à Marcha para Jesus, que ocorreu em São Paulo e reuniu centenas de pessoas. Durante passagem na cidade de Eldorado, no interior paulista, Bolsonaro em discurso, transmitido ao vivo nas redes sociais do filho e deputado Eduardo Bolsonaro, agradeceu os votos recebidos nas últimas eleições e deu indícios de que disputará de novo o cargo. "Meu muito obrigado a quem votou e quem não votou em mim. Lá na frente, todos votarão, tenho certeza. Eldorado é uma prova viva de que todos nós podemos chegar no local que queremos e lutamos por ele. Eu quero mudar o Brasil juntamente com vocês", disse. Bolsonaro antecipou, e muito, a disputa. Vale lembrar que o novo pleito só vai acontecer em 2022.
A concentração para a Marcha para Jesus foi na Praça Heróis da Força Expedicionária (FEB), próximo ao Campo de Marte, na Zona Norte de São Paulo. Aos gritos de "mito", Bolsonaro subiu ao palanque para discursar. Em seguida, os fieis fizeram uma oração. O pastor Estevam Hernandes disse que "a bença (sic) do Senhor está sobre ele por mais 8 anos". A bispa Sônia Hernandes agradeceu a presença de Bolsonaro: "Em nome de todas as famílias, todas as mulheres, quero louvar a Deus pela sua vida. Pela primeira vez se ouve o nome de Deus acima de todos. Pela primeira vez na Presidência do Brasil a família foi honrada."
Bolsonaro discursou sobre os "problemas seríssimos de ética, moral e economia" do Brasil. "Sou o presidente que diz que o Estado é laico, mas é Cristão", afirmou. Se referindo à população evangélica, disse que "foram decisivos para mudar o destino dessa pátria". No encerramento, fez menção à armas, na chamada para a Marcha para Jesus de 2020.

Contas bloqueadas em redes sociais
Os filhos do presidente Jair Bolsonaro, vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), tiveram suas contas em redes sociais bloqueadas por publicarem fotos com armamento. Em uma delas, Eduardo postou o vídeo de uma criança segurando um fuzil no Instagram. A publicação não escondeu o rosto do menor, o que pode configurar violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Após a repercussão do caso, Eduardo Bolsonaro apagou o vídeo. Já Carluxo publicou imagens de um homem armado no Facebook e, por isso, teve sua conta bloqueada pela plataforma na terça-feira. De acordo com o Facebook, o vereador "não seguiu os padrões da comunidade".
O vereador reagiu ao bloqueio: "Tivemos nossas contas bloqueadas por sete dias no Facebook por mostrar um marginal impondo terror à população brasileira. Graças a Deus temos outros administradores e seguiremos expondo as verdades que tentam omitir", escreveu no Twitter, rede social em que é mais ativo.
No caso de Eduardo, o garoto, que não aparenta mais de dez anos, empunha a arma enquanto dança e canta um funk ("hoje é meu plantão, fé em Deus e nas crianças").
O caçula dos três filhos políticos do presidente Jair Bolsonaro ironiza na legenda: "Esse vídeo provavelmente foi gravado nos EUA ou Suíça, países altamente armados. Ainda bem que estamos no Brasil e aqui além do desarmamento contamos com a proteção de nossos senadores!"
Na véspera, o plenário do Senado derrubou os decretos presidenciais que flexibilizam o porte e a posse de armas no Brasil.
O ECA estabelece o direito à preservação da imagem e da identidade de crianças e adolescentes. Isso inclui jovens infratores. A publicação da imagem viola um dos artigos do estatuto: "Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional".
O mesmo vale para "quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente". A pena é uma multa que vai de 3 a 20 salários de referência.
Jair Bolsonaro já havia dito em agosto passado, na campanha eleitoral, que o ECA “tem que ser rasgado e jogado na latrina”, pois seria um "estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”. A declaração foi dada no mesmo dia em que Bolsonaro segurou uma criança no colo e simulou um revólver com os dedinhos dela.
Na ocasião, seu filho deputado também se manifestou sobre o estatuto que zela por menores de idade. No Twitter, disse que, "se fizessem um plebiscito essa revogação do ECA ganharia com '200% dos votos'!".