Por Julia Noia*
Publicado 03/11/2019 03:00
Alagoas - O litoral nordestino abriga grande variedade de fauna e flora que, depois do final de agosto, sofreram drásticas alterações. Os vazamentos de óleo nas praias do Nordeste atingiram 286 localidades de 98 municípios em dois meses. Na terra, equipes da Marinha, ONGs e voluntários ajudam na limpeza das areias e do mar. No mar, mora o perigo para centenas de espécies animais contaminados e mortos pelo derramamento.
O último relatório do Ibama apontou que, desde o começo do monitoramento, 109 animais foram contaminados pelo óleo em todo o litoral. Do total, 81 foram encontrados mortos. A espécie mais afetada também figura na lista de animais em extinção: a tartaruga marinha. Cartão-postal das praias nordestinas, 75 delas foram afetadas pelo óleo, e Fernanda Pirillo, Coordenadora-Geral de Emergências Ambientais do Ibama, ressalta que "esse número é bem menor que o número total de animais atingidos porque algumas nem chegam na praia".
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O impacto real do óleo na fauna local só pode ser observado a longo prazo. A Coordenadora de pesquisa e curadoria e dados da ONG Instituto Biota, Waltyane Bomfim, explica que o depósito e a adesão do material "representam um risco de contaminação em toda a teia trófica, podendo chegar, inclusive, até os seres humanos, que são parte da cadeia e podem vir a ingerir animais contaminados". 
Para os animais, as complicações começam com a bioacumulação, ou seja, a acumulação de metais pesados contidos no óleo através da ingestão de animais menores que já continham determinada quantidade de toxinas no corpo. "É um dano imensurável. O impacto do óleo nos organismos só será sentido depois de anos a partir da incorporação no microorganismo com a ingestão dos animais, e ao mesmo tempo, vai afetando a reprodução das espécies atingidas", informou Emerson Soares, professor de zoologia da Universidade Federal de Alagoas.
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*Estagiária sob supervisão de Max Leone