Presidente Jair Bolsonaro (E) avalia substituto de Nelson Teich (D) para o cargo de ministro da Saúde - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro (E) avalia substituto de Nelson Teich (D) para o cargo de ministro da SaúdeMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Por O Dia
Parecendo um tanto cansado, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronuncimento ontem para comunicar a saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e apresentar seu sucessor, o oncologista Nelson Teich. Bolsonaro agradeceu Mandetta e voltou a citar as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos. "Em nenhum momento eu fui consultado por medidas adotadas por grande parte de governadores e prefeitos", disse.

Aliás, as divergências sobre as orientações de distanciamento social foram um dos motivos que levaram à demissão de Mandetta. Durante o pronunciamento, o presidente afirmou que as medidas de isolamento afetam, principalmente, as pessoas mais humildes, que não podem ficar em casa por muito tempo. Ainda, que empregos com carteira assinada também estão sendo destruídos. "Nos preocupamos para que essa volta à normalidade chegue o mais breve possível".

Bolsonaro declarou ainda que quem tem poder de decretar estado de defesa e de sítio é o presidente e não prefeitos ou governadores. "Excesso não levará à solução do problema, pelo contrário, agravará", declarou. O presidente também destacou que qualquer problema futuro por conta de medidas tomadas por governos locais não pode ser colocado na conta do governo federal.

Em sua primeira fala como ministro, ao lado do presidente, Teich afirmou que não haverá mudanças radicais na política adotada até agora e que tomará decisões com base em critérios técnicos. Disse, porém, existir um alinhamento completo entre ele e Bolsonaro. Segundo ele, "saúde e economia não competem entre si".
"Não vai haver qualquer definição brusca ou radical do que vai acontecer. O que é fundamental hoje é que tenhamos mais informações sobre o que acontece com as pessoas com cada ação tomada", disse Teich.

O médico afirmou ainda que "tem pouca informação, é confuso", o que leva muitas pessoas a tratarem
"ideia como fato" e "cada decisão como um tudo ou nada".
Segundo ele, colher mais informações é fundamental para "entender o momento e qual caminho seguir para definir a melhor forma de distanciamento social e que isso seja cada vez mais baseado em informação sólida".

"Quanto menos informação se tem, mais é discutido na emoção. Discutir saúde e economia é ruim, elas não competem entre si."

Teich afirmou que tudo será tratado no ministério sob seu comando de "forma técnica e científica" e reforçou a importância de trabalhar com base em uma "área de dados e de inteligência" para cada ação tomada e fazer um programa robusto de testes para coronavírus.

"Quando se tem muita incerteza, colher dados é fundamental. Temos que entender mais da doença. Quanto mais fizermos isso, maior vai ser nossa capacidade de administrar o momento, planejar o futuro e sair da política de isolamento, porque isso é fundamental. As pessoas vão ter muita dificuldade em se isolar."
"Estamos fazendo hoje para que a sociedade retorne cada vez mais rápido a uma vida normal", afirmou o novo ministro.

Confira quem é o novo ministro
Nascido no Rio de Janeiro, o médico se formou pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e se especializou em oncologia no Instituto Nacional do Câncer (Inca). Atualmente, é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.

Teich atuou como consultor informal na campanha eleitoral do presidente, em 2018, e, na época, até chegou a ser cotado para o cargo, mas acabou preterido por Mandetta.

Ainda assim, participou do governo, entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, como assessor de Denizar
Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
Em 1990, fundou o Grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI), sendo seu presidente até 2018 — em 2015, a empresa foi comprada pela UHG/Amil.
A escolha de Teich foi considerada internamente no governo como uma vitória do secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajgarten, e do empresário bolsonarista Meyer Nigri, dono da Tecnisa. Os dois foram os principais apoiadores de seu nome para o cargo.