Entre as iniciativas da investigação estará a perícia no telefone celular de Moro. O Ministério Público Federal acredita que o ex-ministro fará isso de forma espontânea. Moro já demonstrou ter provas das acusações contra Bolsonaro, e divulgou algumas mensagens trocadas com o presidente por WhatsApp. Por ironia, as investigações autorizadas ontem por Mello ficarão a cargo da Polícia Federal, instituição comandada até semana passada por Maurício Valeixo, exonerado por Bolsonaro à revelia de Moro e pivô da maior crise política do atual governo.
Na sua saída do ministério, Moro disse que o presidente gostaria de ter alguém do seu convívio pessoal da PF, para quem pudesse ligar e obter acesso a relatórios de inteligência, e que o presidente estaria preocupado com inquéritos que estão no STF. O ex-ministro acusou, ainda, a Presidência de falsificar sua assinatura digital na exoneração do ex-diretor da PF.
'Embora possa muito, não pode tudo'
Vale lembrar que em fevereiro deste ano, quando foram distribuídas convocações para atos contra o Congresso e o Supremo, inclusive pelo presidente Bolsonaro, em 15 de março, o ministro Celso de Mello disse considerar "gravíssima" a convocação de manifestações pelo WhatsApp contra o Congresso Nacional e que caso revela a "face sombria de um presidente que desconhece o valor da ordem constitucional" e que não está "à altura do altíssimo cargo que exerce'.
"O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das Leis da República", conclui Celso de Mello.
Segurança
Após pedir demissão do Ministério da Justiça, Sérgio Moro e a família continuarão sendo escoltados por agentes da Polícia Federal pelo menos até novembro, segundo informações do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que é comandado pelo general Augusto Heleno.