O comentário do decano foi disparado em momento oportuno. No sábado à noite bolsonaristas marcharam até o Supremo carregando tochas e nas manifestações de domingo, que ocorreram em algumas capitais, aliados do presidente carregavam faixas onde se pedia "intervenção militar".
Na mensagem, o decano do Supremo alerta para os perigos que a democracia corre diante do levante de atos antidemocráticos pelo Brasil. "GUARDADAS as devidas proporções, O 'OVO DA SERPENTE', à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933), PARECE estar prestes a eclodir NO BRASIL!", escreveu o decano do STF, usando letras maiúsculas e exclamações para enfatizar trechos do comentário.
"É PRECISO RESISTIR À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo presidente Paul von Hindenburg, em 30/01/1933, COMO CHANCELER (Primeiro Ministro) DA ALEMANHA ('REICHSKANZLER'), NÃO HESITOU EM ROMPER E EM NULIFICAR A PROGRESSISTA, DEMOCRÁTICA E INOVADORA CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR, de 11/08/191, impondo ao país um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição, em março de 1933, da LEI (nazista) DE CONCESSÃO DE PLENOS PODERES (ou LEI HABILITANTE) que lhe permitiu legislar SEM a intervenção do Parlamento germânico!!!! 'INTERVENÇÃO MILITAR', como pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a liberdade e odeiam a democracia, NADA MAIS SIGNIFICA, na NOVILÍNGUA bolsonarista, SENÃO A INSTAURAÇÃO, no Brasil, DE UMA DESPREZÍVEL E ABJETA DITADURA MILITAR!!!!", completou Celso de Mello.
Há duas semanas, Celso de Mello classificou como "bolsonaristas fascistoides, além de covardes e ignorantes" dois homens que foram presos por ameaçar de morte juízes, promotores e procuradores do DF.
Um e-mail disparado a membros do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios dizia que o "o Brasil chegou a um ponto onde não é mais possível resolver os problemas através da razão e do bom senso. Por esse motivo, a partir de agora, serão resolvidos através da execução do Estado de Sítio".
"Por isso, convocamos a população para matar em legítima defesa de si mesmo e da pátria políticos, juízes, promotores, chefes de gabinetes, assessores, parentes, amigos, protetores, e demônios de toda sorte", afirmava o texto.
Os atos antidemocráticos não param. Todos os domingos, e agora aos sábados, virou praxe concentração de pessoas com faixas contra o Congresso, o Supremo Tribunal Federal, políticos e desafetos dos bolsonaristas. A diferença deste final de semana foi a manifestação de sábado à noite, que mais parecia a de um filme macabro. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro marcharam segurando tochas e máscaras em frente ao Supremo.
Os ativistas bolsonaristas são alvo de inquérito comandado pelo STF sob suspeita de organização criminosa para divulgar fake news envolvendo informações com conteúdo de injúria e difamação contra instituições, autoridades e opositores ao bolsonarismo.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, disse que a ativista bolsonarista comenteu cinco crimes com suas declarações públicas. Em contrapartida, a militante pediu para ser presa ao ameaçar o ministro. O irmão de Sara Winter criticou o comportamento da irmã. "Deveriam ter levado você, irmã querida", afirmou.