Allan dos Santos foi alvo de busca e apreensão em operação da Polícia Federal, por suspeita de financiar atos contra a democracia - Estadão Conteúdo (arquivo)
Allan dos Santos foi alvo de busca e apreensão em operação da Polícia Federal, por suspeita de financiar atos contra a democraciaEstadão Conteúdo (arquivo)
Por O Dia
A Polícia Federal (PF) cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal. A investigação se dá no âmbito do inquérito sobre organização e financiamento de atos antidemocráticos que pedem o fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal, volta da ditadura militar, do AI-5, e outros. Entre os alvos da Operação Lume, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, estão deputados, um senador, empresários e blogueiros.

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), Allan dos Santos, Luís Felipe Belmonte, principal operador político do partido Aliança pelo Brasil, e Sérgio Lima, marqueteiro do partido que o presidente Jair Bolsonaro quer criar, estão na lista. 

Extremista em cana
Já está no xilindró a extremista Sara Giromini, conhecida pela alcunha de Sara Winter - em alusão à uma apoiadora nazista britânica -, e mais outras cinco lideranças do grupo 300 do Brasil estão na mira dos agentes. Preso e liberado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após fazer ameaças ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o ativista Renan Sena, que faz parte do grupo de sara Winter, participou ontem de um ato na Esplanada dos Ministérios.

Busca e apreensão
No gabinete do deputado Daniel Silveira os investigadores fizeram o chamado "espelhamento" das informações de computadores do escritório.

A PF ainda localizou três computadores com aplicativos que inviabilizavam a cópia do material. Diante da situação, os agentes levaram dois computadores que seriam do deputado e um do chefe de gabinete. A PF procura e-mails de todos os funcionários do gabinete que possam indicar participação na estruturação e financiamento dos atos antidemocráticos.

Confira alguns perfis da lista
Daniel Silveira (PSL-RJ)
Único político com foro junto ao Supremo que foi alvo da Polícia Federal na operação, Daniel Silveira é deputado federal pelo PSL do Rio. Cabo da Polícia Militar, está em seu primeiro mandato como deputado. Foi durante a campanha de outubro de 2018 que Silveira ficou conhecido por destruir, junto com seu colega de partido Rodrigo Amorim, uma placa de rua que homenageava a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em 14 de março de 2018.
Silveira publicou em sua conta no Twitter pela manhã que a Polícia Federal estava em seu apartamento. O deputado, que também foi alvo de busca no âmbito do inquérito das fake news, é citado nas investigações sobre autoria e o financiamento de atos antidemocráticos ocorridos no mês passado em todo o país.

Allan dos Santos
Empresário e um dos sócios do site conservador Terça Livre, já mencionado nas postagens do presidente Bolsonaro nas redes sociais, Allan Lopes dos Santos é um dos principais blogueiros alinhados com o bolsonarismo. Além dos atos antidemocr´ticos, o blogueiro também é um dos investigados no inquérito das fake news, que apura ameaças, ofensas e notícias falsas disseminadas contra integrantes do STF e seus familiares.
Foi no âmbito do inquérito das fake news que Santos foi alvo de mandado de busca e apreensão em 27 de maio, quando a PF cumpriu ordens judiciais expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, mirando nomes ligados ao 'gabinete do ódio' e aliados do presidente Jair Bolsonaro.
Seguidor do escritor Olavo de Carvalho e crítico da imprensa tradicional, Allan dos Santos foi um dos principais mobilizadores digitais nos ataques contra a repórter Constança Rezende, do Estadão, em março de 2019.

Luís Felipe Belmonte
Empresário e advogado, Luís Felipe Belmonte dos Santos é o segundo vice-presidente e principal operador político do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta tirar do papel. Milionário, Belmonte já foi filiado ao PSDB, fez doações para legendas de esquerda, como PCdoB, e atuou como advogado do empresário Luiz Estevão, que foi condenado a uma pena de 26 anos por fraudes na construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.
Belmonte já auxiliou na organização de atos antidemocráticos em Brasília, como o que ocorreu em 3 de maio, um domingo. Na ocasião, o Aliança pelo Brasil foi a ponte, o contato entre as lideranças de grupos e movimentos de direita, que se organizaram para mobilizar os bolsonaristas em todo o país para participarem da manifestação. Em entrevista na época, Belmonte disse que não colocou nenhum centavo no evento, que prestou ajuda apenas como cidadão, e não como representante do partido.

Sérgio Lima
Marqueteiro do Aliança pelo Brasil, Sérgio Lima também foi alvo da operação da Polícia Federal. Publicitário, Lima foi uma das pessoas que estiveram presentes na comitiva do presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos em março deste ano, e foi uma das mais de 20 pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus após a viagem. Antes da pandemia, 'Serginho' - como é conhecido entre governistas -, vinha sendo incentivado por bolsonaristas a disputar a Prefeitura de São Paulo.
Lima, que não cursou faculdade e se diz autodidata, foi o responsável pela identidade visual do partido Aliança pelo Brasil, e também pela criação do site da legenda. Cabe ressaltar que o número do ainda nem criado partido seria 38 e a sua escultura foi feita com projéteis de arma de fogo.

Otávio Fakhouri
Empresário, investidor e dono do site Crítica Nacional, Otávio Fakhouri é considerado um dos principais articuladores da militância bolsonarista nas redes. É seguidor de Olavo de Carvalho. Foi ativista dos movimentos Vem Pra Rua e Acorda Brasil por ocasião do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Em 2018, doou R$ 102,5 mil a candidatos do PSL, o então partido de Jair Bolsonaro. Fakhouri foi tesoureiro-geral do diretório estadual do PSL, na gestão de Eduardo Bolsonaro.

Camila Abdo
Ex-assessora do deputado estadual Coronel Nishikawa (PSL-SP) e blogueira, Camila Abdo apresenta programas no canal Direto aos Fatos no Youtube, e escreve para os sites Crítica Nacional e Estudos Nacionais.

Fernando Lisboa
Fernando Lisboa, responsável pelo Vlog do Lisboa, chorou em uma live ao saber que seria investigado pela Polícia Federal. O inquérito averígua a ligação de Lisboa com o marqueteiro Sérgio Lima e com Allan dos Santos. Na live, Lisboa apareceu chorando, dizendo que "meu crime é querer um país bom, meu crime é apoiar o Bolsonaro (…) é só querer as coisas boas para esta m… deste país".

Alberto Silva
Blogueiro de Minas Gerais, Alberto Silva opera um canal no YouTube chamado Giro de Notícias que tem mais de 1 milhão de seguidores. Conhecido também como Beto Silva ou Beto Louco, foi acusado em 2017 de operar uma lucrativa rede de sites especializados em publicar notícias falsas que lhe rendia até R$ 150 mil por mês na época. Ele nega que publique fake news.

Parlamentares têm sigilo quebrado
Ainda no âmbito das investigações dos atos antidemocráticos, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a quebra de sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos bolsonaristas.

Junior do Amaral, deputado federal (PSL-MG)
Otoni de Paula, deputado federal (PSC-RJ)
Caroline de Toni, deputada federal (PSL-SC)
Carla Zambelli, deputada federal (PSL-SP)
Alessandra da Silva Ribeiro, deputada federal (PSL-MG)
Beatriz Kicis, deputada federal (PSL-DF)
Coronel Girão, deputado federal (PSL-RN)
José Guilherme Negrão Peixoto, deputado federal (PSL-SP)
Aline Sleutjes, deputada federal (PSL-PR)
Arolde de Oliveira, senador (PSC-RJ)