Por marta.valim

O governador de Pernambuco, João Lyra Neto, confirmou que o PSB manterá candidatura própria na eleição presidencial deste ano, apesar da morte do candidato Eduardo Campos, principal liderança do partido. Neto desembarcou na capital paulista na manhã de ontem para acompanhar os procedimentos de reconhecimento e transporte dos restos mortais das vítimas do acidente de avião que causou a morte do presidenciável.

“A tendência é a de manter a candidatura própria, assim como o legado político de Eduardo Campos”, esclareceu Lyra Neto, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, mencionando que as lideranças do partido vão se reunir nos próximos dias para decidir quem substituirá Campos no pleito. “Há o prazo eleitoral, que é de dez dias, mas há também o prazo político. Temos em mente que a propaganda eleitoral gratuita começa no próximo dia 19, por isso precisamos tomar todas as decisões rapidamente”, afirmou, sem dar detalhes sobre as próximas reuniões do partido.

Quando questionado sobre a indicação de Marina Silva para encabeçar a candidatura do PSB à Presidência — que seria o desejo de Eduardo Campos, de acordo com carta aberta divuvlgada ontem por seu irmão, Antônio Campos — Lyra disse que o partido levará em consideração esse anseio em sua decisão. Segundo ele, a princípio serão mantidas todas as alianças políticas e o conteúdo programático de campanha firmado em vida por Campos e seus aliados.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, confirmou que o trabalho de recolhimento dos restos mortais das vítimas do acidente foi encerrado ontem em Santos. Disse, ainda, que até amanhã ou, no máximo, em três dias será concluído o trabalho de reconhecimento das vítimas, através de exame de DNA.

“O transporte dos corpos será realizado pelo avião da FAB, colocado à disposição pela presidenta Dilma. E, atendendo ao pedido da dona Renata, mulher de Eduardo Campos, esse transporte só será realizado quando todos os corpos forem identificados e liberados ao mesmo tempo”, disse, mencionando que os corpos de Eduardo Campos e de seus assessores serão encaminhados para Pernambuco, enquanto o do ex-deputado federal Pedro Valadares Neto irá para Sergipe e o do piloto e copiloto irão para Paraná e Minas Gerais.

Cotada para substituir Campos na disputa presidencial, a ex-senadora Marina Silva permaneceu ontem em sua casa, na Zona Sul da capital paulista, junto com familiares e amigos mais próximos. Segundo informações de assessores, Marina Silva passou a noite em claro e só conseguiu dormir quando já amanhecia.

Principal líder da Rede Sustentabilidade, grupo que se incorporou ao PSB por não ter conseguido registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marina tem insistido que o momento agora é de luto. Ela prefere adiar a questão política ao máximo. Entre os líderes do partido, a opção também será essa, apesar do prazo eleitoral de até 10 dias para anunciar uma nova candidatura.

O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, permaneceu na capital paulista, junto com o coordenador-geral da campanha, Carlos Siqueira, e outros líderes partidários, como os deputados federais Luiza Erundina (SP) e Júlio Delgado (MG).

Os líderes e parlamentares permaneceram reunidos durante boa parte do dia no comitê nacional da chapa. Em nota divulgada ontem, Amaral disse que o partido “recolhe-se no momento” para cuidar “tão somente das homenagens devidas ao líder que partiu”.
A maior preocupação deles é com a identificação e liberação dos corpos das vítimas do acidente aéreo, que matou o presidenciável, os dois pilotos e quatro assessores. Candidato ao Senado no Rio Grande do Sul pelo partido, o deputado federal Beto Albuquerque também viajou para São Paulo para acompanhar a liberação dos corpos das vítimas.

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