Por monica.lima

Brasília - A ex-ministra da Casa Civil, a petista Gleisi Hoffmann, estuda processar o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que teria informado ao jornal “O Estado de S.Paulo” sobre um desvio de R$ 1 milhão da estatal para doar à campanha dela ao Senado, em 2010. Gleisi, que negou as acusações, também ameaça processar o jornal pelas publicaçãodas denúncias.

“Vou requerer o depoimento do ex-diretor da Petrobras. Estamos estudando ações judiciais tanto em relação a ele como sobre o jornal por ter dado destaque a calúnias sem comprovação”, afirmou Gleisi ao Brasil Econômico.

Segundo a reportagem, os recursos para a campanha de Gleisi ao Senado teriam sido recebidos pelo marido dela, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. “Essa notícia é mentirosa, é falsa, não conheço nem ele (Paulo Roberto Costa) nem o doleiro (Alberto Youssef, que, segundo as denúncias teria repassado os recursos ao ministro). E o Paulo Bernardo também só esteve com Yousseff há dez anos, quando foi inquirí-lo na CPI do Banestado, na qual ele não respondeu”, contestou Gleisi.

Para a ex-ministra, a notícia foi vinculada com intenções eleitoreiras de prejudicar a campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff. “Há poucos dias da eleições, eu estou mais como vitrine desses dois réus confessos que estão sendo bem compensados pela delação premiada e deveriam comprovar o que estão dizendo. Com o tempo, ficará claro que eles não têm provas. Mas até lá , como ficará a minha imagem? A minha conduta moral é o único patrimônio que eu tenho”, questionou Gleisi, que foi derrotada ainda no primeiro turno das eleições ao governo do Paraná.

O líder do Solidariedade na Câmara, Fernando Francischini (PR), afirmou que irá apresentar um requerimento amanhã para convocar a senadora a dar explicações sobre a denúncia. “Apresentarei o requerimento na quarta-feira. Os demais partidos da oposição, PPS, DEM e PSDB também indicaram que assinarão o requerimento conjuntamente porque é muito preocupante que alguém que ocupou o segundo cargo mais importante da República seja alvo de acusações como essa”, disse Francischini.

O deputado, contudo, vê poucas chances de que o depoimento aconteça no curto prazo. “Dificilmente, acontecerá na quarta-feira que vem (dia 29, primeira reunião da CPMI após as eleições). O governo tem ampla maioria na comissão e vai tentar barrar a votação”, previu.

A ex-ministra questiona o que ela classifica como “tratamento desigual” pelos parlamentares da oposição. “A valentia desse deputado é seletiva. Quando seus aliados foram acusados de envolvimento, ele não requereu o comparecimento deles”, criticou Gleisi. Segundo ela, se convocada, irá comparecer à CPMI. “Faço questão de esclarecer as denúncias”, acrescentou.

A presidenta Dilma Rousseff também pediu ao Ministério Público Federal e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, para ter acesso ao conteúdo da delação premiada, mas não foi autorizada pelo fato de o processo de investigação ainda estar em andamento e sob sigilo.
Amanhã, além da apresentação do requerimento para a convocação da ex-ministra Gleisi Hoffmann, haverá na CPMI o depoimento do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, que substituiu Paulo Roberto Costa após a prisão dele na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), por suspeitas de superfaturamento e lavagem de dinheiro na estatal. Após o acordo de delação premiada, o ex-diretor passou a cumprir pena domiciliar.

Segundo informações da Agência Câmara, no requerimento de convocação de Cosenza, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) cita reportagens divulgadas pela imprensa. Segundo uma delas, Costa teria continuado o esquema de corrupção na Petrobras por intermédio do atual diretor. Já outra reportagem fala de uma conversa do doleiro Alberto Youssef com o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) para agendar uma audiência entre Cosenza e Youssef. Em virtude de seu envolvimento com o doleiro, que também foi preso na Operação Lava Jato, o deputado Luiz Argôlo responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara.

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