Por diana.dantas

Brasília - Atos de corrupção na Petrobras podem ter sido realizados "às margens" da estatal, entre alguns funcionários e agentes externos, afirmou nesta quinta-feira o ex-presidente da petroleira José Sergio Gabrielli, ressaltando desconhecer práticas ilegais durante sua gestão.

Ele disse ainda não acreditar "na tese de que há corrupção sistêmica na Petrobras", em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de corrupção na estatal.

"Os processos de compra são gigantescos e são em volume muito grandes. São processos que não são individuais, mas procedimentados, com regras definidas... Não é possível, portanto, identificar esse comportamentos nos procedimentos internos da Petrobras", declarou.

O ex-executivo acrescentou ainda que, quando preços maiores do que os normais são identificados nas negociações, as suspeitas de irregularidades são investigadas na estatal.

Ele lembrou que irregularidades não foram comprovadas em auditorias externas e internas, quando era o principal executivo da companhia.

Gabrielli foi presidente da estatal entre os anos de 2005 e 2012 e negou ter conhecimento de atos ilícitos dentro da Petrobras durante sua gestão.

Na última terça-feira, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco declarou à CPI que começou a receber valores ilícitos entre 1997 e 1998, em atos de corrupção de iniciativa própria, mas que o esquema teria ficado "institucionalizado" a partir de 2004.

Gabrielli rebateu a acusação de Barusco de que a corrupção foi institucionalizada na estatal, mas reconheceu que isso não impede que não tenham ocorrido irregularidades.

Ele também negou ter se relacionado fora do universo profissional com os ex-diretores Nestor Cerveró e Renato Duque, além de Barusco, acusados de corrupção pela Polícia Federal no esquema de desvios na estatal.

"Minhas relações pessoais com eles nunca passaram das reuniões", certificou.

Ele disse ainda que nunca se encontrou com o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do caso de corrupção na estatal.

No ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a apontar que Gabrielli, entre outros, poderia ter colaborado para perdas da Petrobras na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o TCU, o negócio resultou no prejuízo de 792,3 bilhões de dólares à estatal.

Gabrielli avaliou que a conclusão do TCU foi um ato político do relator do caso, o então ministro José Jorge. Ele lembrou que nas primeiras apurações o TCU não acusou irregularidades na compra de Pasadena, apesar de intensas investigações.

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