Além de provocar alta da Bolsa de Valores, a última pesquisa do Datafolha, realizada entre 3 e 5 de junho, basicamente pôs fim às pretensões do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Enquanto Dilma Rousseff caiu para 34% na margem de erro e Aécio Neves manteve-se em 19%, o presidente do PSB despencou de 11% para 7% das intenções de voto. Ainda faltam quatro meses para a eleição, mas foi um golpe forte para a campanha do neto de Miguel Arraes. Em lugar de se firmar como terceira via na corrida para o Palácio do Planalto, ele ficou mais próximo do Pastor Everaldo Pereira, do PSC, que aparece com 4%. Há algo de errado na estratégia do candidato do PSB. Afinal, quando se acredita que vai decolar, ele perde terreno.
As incertezas vêm desde o nascedouro da candidatura. O nome de Eduardo Campos foi lançado por ele mesmo. A partir da base sólida em Pernambuco, o ex-governador acreditou que conquistaria corações e mentes dos eleitores nordestinos, o que não aconteceu até agora. No Norte e Nordeste, falam mais alto os programas sociais do PT e o carisma do ex-presidente Lula. Tanto isso é verdade que Dilma tem 48% das intenções de voto no Nordeste, contra apenas 11% de Aécio e 10% de Campos. Mesmo em Pernambuco, ele enfrenta a influência de Lula, que nasceu em Caetés (distrito de Garanhuns) e tem presença forte no sertão. Se deu resultado para o alagoano Fernando Collor em 1989, o regionalismo desta vez não está funcionando.
Outro equívoco foi a aposta na transferência de votos da ex-senadora Marina Silva, que recebeu quase 20 milhões de votos na eleição de 2010. Os perfis são bastante diferentes e as plataformas também. De origem pobre como Lula, Marina destacou-se como ambientalista, tem apoio dos evangélicos e não é considerada uma política tradicional. Já Eduardo Campos é herdeiro de Arraes e percorreu todos os caminhos de praxe. Foi secretário estadual, deputado, ministro e governador. Saiu-se bem nas tarefas, mas não ganhou projeção nacional, ao contrário da ex-ministra do Meio Ambiente. Falta-lhe também o carisma de Marina. Confirma-se, assim, a impressão inicial de que houve um erro na escolha da cabeça de chapa. Talvez fosse mais correto Marina para presidente e Campos para vice. Porém, a essa altura do campeonato, não é certo sequer que Marina repetiria o feito de 2010.
Eduardo Campos bem que tentou, mas não conseguiu impedir a polarização do pleito entre petistas e tucanos. Pela pesquisa do Datafolha, Dilma tem 34% das intenções de voto e Aécio 19%. No Sudeste, o maior colégio eleitoral do país, os dois estão praticamente empatados: 26% para Dilma e 25% para Aécio (Campos não passa de 4%). Com a notícia de que Geraldo Alckmin aparece com 44% das intenções de voto para o governo de São Paulo contra modestíssimos 3% do ex-ministro Alexandre Padilha, abre-se a janela para crescimento ainda maior de Aécio na região. E a possibilidade de segundo turno torna-se cada vez mais real.
Este mês, haverá convenções partidárias, mas o país vai estar com os olhos voltados para a Copa do Mundo. A sucessão ganhará destaque depois da final no dia 13 de julho, no Maracanã (que o time do Felipão chegue lá!). E, ao que tudo indica, apesar do forte desejo de mudança, brasileiros e brasileiras terão diante de si a mesma escolha das últimas duas décadas: ou votam no PT ou votam no PSDB.