Por douglas.nunes

Entra para a história política do Brasil mais uma tragédia no mês de agosto. A morte de Eduardo Campos no ponto mais alto de sua trajetória e em meio à disputa pela Presidência da República deixou a Nação perplexa e consternada. O momento é de luto nacional e de muita emoção, que também toma conta de todos nós, jornalistas. Mas, por mais inoportuno e indelicado que possa parecer, temos o dever de ofício de olhar para frente e tentar desvendar as consequências do acidente aéreo de Santos sobre o futuro do país. Há eleições gerais marcadas para o dia 5 de outubro. Faltam menos de dois meses para a escolha do novo ocupante do Palácio do Planalto. Se o momento não era tranquilo, agora foi tomado por forte comoção. Sem o neto de Miguel Arraes, abre-se um cenário novo. E de muita incerteza.

“Não é só Pernambuco e sua gente que perdem seu líder; não é só o PSB que perde seu líder. É o Brasil que perde um jovem e promissor estadista”, lamentou, em nota oficial, Roberto Amaral, vice-presidente do Partido Socialista Brasileiro. Ele lembrou que a perda de Eduardo Campos ocorreu exatamente no dia em que se passaram nove anos do falecimento de Arraes. Foi, sem dúvida, uma coincidência terrível para o PSB e mais ainda para a ministra Ana Arraes, que, após acompanhar o pai no exílio, vê o filho morrer aos 49 anos. É hora de pesar. Mas a campanha eleitoral está na rua e a lei dá ao partido dez dias para buscar outro candidato. A essa altura da corrida ao Planalto, o PSB possivelmente terá necessidade de antecipar sua decisão.

Na próxima terça-feira começa a campanha oficial na TV. Os marqueteiros estão dando os últimos retoques na propaganda eleitoral. Dilma Rousseff, por exemplo, ordenou que fossem gravadas imagens externas que a mostram em áreas de obras do PAC. Não concordou com a montagem de cenas nas ilhas de edição. Caso se mantenha na disputa, o PSB terá de refazer seus programas a toque de caixa. Nos primeiros dias, certamente fará menção aos projetos de governo defendidos por Eduardo Campos. Depois de defender sua mãe de forma veemente em entrevista no “Jornal Nacional”, o ex-governador de Pernambuco morreu cumprindo agenda de campanha, num voo entre o Rio e o Guarujá. Morreu em plena luta política e assim será lembrado.

Os adversários se comportaram com o devido respeito. Dilma Rousseff se disse tristíssima e Aécio Neves afirmou que perdeu um amigo. Os políticos preparam-se para as honras fúnebres em Recife, mas suas atenções também se voltam para os próximos passos do PSB. Se o partido decidir levar adiante a luta de seu presidente, não vai abrir mão da corrida sucessória. E foi isso que deu a entender a nota oficial da coligação “Unidos pelo Brasil”, ao reafirmar o bordão do ex-governador : “Não vamos desistir do Brasil”. No Congresso, Marina Silva é apontada como a mais provável substituta, capaz de se apresentar como herdeira dos sonhos do cabeça de chapa que o destino levou. Em sua despedida, ela não tratou da sucessão. Abatida, lembrou os últimos momento de Eduardo Campos e referiu-se à dor da viúva e dos filhos. Disse que a hora é de tristeza.

Se Marina Silva for a candidata do PSB, “será outra eleição”. É o que dizem os especialistas. A ex-ministra de Lula tem carisma e potencial de votos. Já mostrou isso em 2010.

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