Expectativa de reabertura do Unilagos ainda não se realizou. Promessa do governador Castro tem três semanas de atraso
Expectativa de reabertura do Unilagos ainda não se realizou. Promessa do governador Castro tem três semanas de atrasoDivulgação
Por Renata Cristiane
Após duas semanas e meia da visita surpresa do governador interino do Rio, Cláudio Castro (PSC), a Cabo Frio, a operação do Hospital Unilagos para casos de COVID-19 pelo SUS segue apenas como uma promessa. À época, Castro afirmou que a unidade funcionaria ainda naquela semana, ou, no mais tardar, na semana seguinte, o que não se concretizou.
Nem mesmo o crescimento exponencial dos casos e mortes da doença parece ter sido capaz de fazer o processo andar mais rápido.
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Entre 1º de abril e esta quarta-feira (7), Cabo Frio, onde o hospital fica localizado, registrou 15 óbitos pela COVID-19. No mesmo período do mês passado, 10 mortes foram registradas. Um aumento de 50%. A cidade atingiu 400 mortes no sábado (3).
Em uma live na noite desta terça (6), a prefeita de Araruama, Lívia Bello (PP), fez duras críticas ao convênio com “um outro hospital”, uma vez que, segundo ela, Castro não faz repasses ao governo araruamense para a gestão da UPA desde o ano passado.
Prefeita de Araruama criticou duramente o governador  - Internet
Prefeita de Araruama criticou duramente o governador Internet
“O governador do Estado fala: ‘ah, vamos abrir mais leitos’. Ótimo. Vai abrir mais leitos, mas como que vai fazer? Um convênio com outro hospital? Ótimo. Mas se não estão cumprindo nem com o convênio que tem com a UPA, vai cumprir com outro hospital?”, questionou.
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“Se vão e fecham os leitos de um hospital estadual que já temos dentro do município de Araruama, já pronto, equipado. Se eles param de atender Covid. Se não fazem o repasse da UPA. O que que adianta abrir leito? Essa é a verdade. Isso que a população tem que entender”, continuou a chefe do Executivo.
Lívia ainda questionou a viabilidade do sucesso do funcionamento do Hospital Unilagos nesse sentido por conta da escassez de profissionais para atuar nas unidades de saúde.
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“Hoje, o problema maior que nós temos é a falta de médico. Não temos médicos suficientes no nosso Brasil. (...). É o que está acontecendo em Cabo Frio. Por que que ainda não botou pra funcionar? Não tem médico, não tem profissional. Eu quero ver colocar toda a equipe trabalhando. Não vai conseguir. Esse não é meu desejo, mas, infelizmente, não vai conseguir”, disse.
Um agravante para a questão, segundo Lívia, é a lei que proíbe que um médico possua vínculos com mais de uma prefeitura. A prefeita questionou a falta de mobilização dos deputados para mudar essa lei, tendo em vista o momento de pandemia.
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Ofício ao governador
Governador Claudio Castro recebe vereadores de Cabo Frio e o ex-deputado Janio Mendes (assessor de André Ceciliano - Divulgação
Governador Claudio Castro recebe vereadores de Cabo Frio e o ex-deputado Janio Mendes (assessor de André CecilianoDivulgação
O vereador Davi Souza (PDT), líder do governo na Câmara Municipal de Cabo Frio, informou que a casa entregou, nesta tarde de quarta-feira (7), um ofício ao governador interino reforçando a necessidade do pleno funcionamento do Hospital Unilagos.
O parlamentar relembrou que, na visita de Castro no mês passado, foi anunciada a abertura do hospital com 20 leitos de UTI e 30 enfermarias para atender pacientes com sintomas de Covid.
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Atraso no cronograma
A reportagem procurou o Núcleo do Interior do Governo do Estado para saber sobre a situação do Hospital Unilagos. Se, na coletiva, o governador disse que a gestão da unidade teria as mãos da Prefeitura cabo-friense, a coisa parece ter mudado de figura.
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Em nota, a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia informou que, nesta terça (6), durante reunião entre técnicos da pasta, foi finalizado um plano de trabalho para abertura da unidade.
Secretaria de Ciência e Tecnologia está na articulação  - Divulgação
Secretaria de Ciência e Tecnologia está na articulação Divulgação
A nota esclarece que o documento será encaminhado à secretaria de Saúde, "que irá analisar a possibilidade de descentralizar recursos para que a Secti, por meio da Uerj, administre a unidade, fornecendo profissionais e equipamentos".
Sem qualquer precisão, a nota conclui que "o objetivo é que a população seja atendida na unidade nas próximas semanas, aumentando o número de leitos no enfrentamento à pandemia na região".