No novo sistema de transporte coletivo de Campos, os ônibus vão circular na área mais central, levando os passageiros de bairros e distritos mais distantes até terminais nos arredores da cidade, onde serão servidos pelas vans e micro-ônibus - Divulgação/Prefeitura de Campos
No novo sistema de transporte coletivo de Campos, os ônibus vão circular na área mais central, levando os passageiros de bairros e distritos mais distantes até terminais nos arredores da cidade, onde serão servidos pelas vans e micro-ônibusDivulgação/Prefeitura de Campos
Por Leonardo Maia
Campos — A partir de sexta-feira, todas as vans e veículos que fazem o transporte alternativo de Campos param de circular. No maior município do Estado, o sexto maior do país, com área territorial de 4000km2, e séria escassez de ônibus que atendam às regiões mais distantes do centro da cidade, vácuo ocupado pelos autônomos, é mais do que previsível a grita generalizada, dos antigos permissionários à população que contava com as vans para cobrir os muitos quilômetros da planície goytacaz. Uma “briga" considerável que a gestão Rafael Diniz comprou, convencida de que a implantação do novo sistema de transporte coletivo é fundamental para o desenvolvimento de Campos e a melhora da qualidade de vida da população.
“Sabemos que teremos problemas, que haverá muitas reclamações, que muita gente está insatisfeita agora, mas confiamos que a população vai reconhecer a melhora mais à frente”, aposta Felipe Quintanilha, presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT).
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Felipe Quintanilha, presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes de Campos, apresenta o novo sistema de mobilidade urbana da cidade, e revela ter recebido ameaças de morte - Divulgação/Prefeitura de Campos
A retirada completa do transporte alternativo é provisória, início do período de transição para o novo projeto de mobilidade urbana, um dos principais projetos e grande aposta da prefeitura. Nele, os ônibus estarão dedicados a um raio mais central, reforçando a disponibilidade e a periodicidade de circulação na área mais urbana do município (hoje também deficitária e ineficiente), e vans e micro-ônibus farão os trajetos mais longos, de áreas de menor densidade populacional até terminais nos acessos à região metropolitana, no que foi batizado de sistema tronco-alimentador.
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“Reconhecemos a importância dos transporte alternativo, até porque é inviável economicamente manter uma linha de ônibus que percorra 80km com baixa ocupação, sem contar as gratuidades”, argumenta Quintanilha. “Mas no modelo atual vans e ônibus competem entre si. No novo sistema, eles vão trabalhar em conjunto, um ajudando a alimentar o outro”.
Quintanilha pede aos campistas paciência para suportar um período de 15 a 30 dias até que os novos permissionários das linhas periféricas voltem a circular. Tempo necessário para regularização de documentos e preparação dos veículos, com adesivação e equipamentos como GPS. Enquanto isso, a prefeitura espera mitigar os transtornos com o aumento da frota de ônibus, dos atuais 180 para 260.
E onde estavam esses coletivos? Nas garagens, estacionados. E por que não rodavam antes? Pelas razões acima: distância demais, passageiro de menos.
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“Empresário não joga dinheiro fora. Se colocarem mais veículos nas ruas, tomam prejuízo”, diz Quintanilha.
Foi justamente para atacar essa complexidade geográfica e populacional (72% dos moradores limitados a um raio de 60km do centro; o resto espalhado por 3600km2) que o novo sistema de transporte foi pensado.
Uma mudança tão radical, e que altera relações de força nesse mercado, certamente haveria de suscitar insatisfação, questionamentos e até ameaças. Mas Quintanilha garante que tudo foi feito com transparência e um ouvido atento às demandas de todos os envolvidos.
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“Todos os atores puderam apresentar suas questões. Ouvimos a população em 10 audiências públicas. O projeto de lei foi apresentado e discutido na Câmara (de vereadores) e aprovado por unanimidade”, aponta o presidente do IMTT, alvo de ameaças de morte desde o ano passado.
Depois do mês previsto para a adequação dos 235 permissionários de vans e sua volta às ruas, os tais 260 ônibus permanecerão em utilização, mas, espera-se, atendendo de forma mais eficiente e permanente à região metropolitana. Os horários também serão ampliados. A promessa é por linhas operando regularmente até à meia-noite, com a implantação futura de linhas-corujão, que sirvam aos núcleos gastronômicos e de lazer noturno de Campos.
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O novo sistema vai trabalhar a partir de seis grandes regiões distritais: Baixada Campista, Barretos (no limite com São João da Barra), Norte (BR-101 rumo ao Espírito Santo), Sapucaia e Três Vendas (BR-356, Itaperuna), Rio Preto (RJ-158, São Fidélis), e Serrinha e Dores de Macabu (BR-101, Niterói). Elas serão alimentadas pelas novas vans.
Aplicativo - No anúncio oficial do novo sistema, também foi apresentado o Mobi Campos, sistema informatizado de monitoramento em tempo real de todas as linhas. Com ele, o usuário poderá observar por GPS todos os ônibus e vans em circulação e saber, por exemplo, quando seu ônibus passará por seu ponto, poupando tempo de espera e aumentando a segurança e o conforto do passageiro. A princípio, o aplicativo estará disponível apenas para Android. Quem usa o iPhone poderá acessar o Mobi pelo navegador de internet.