A sede da Fundação Municipal da Infância e da Juventude, de Campos, que lança programa para preparar os abrigados para o início da vida adulta e da vida em sociedade - Divulgação prefeitura de Campos
A sede da Fundação Municipal da Infância e da Juventude, de Campos, que lança programa para preparar os abrigados para o início da vida adulta e da vida em sociedadeDivulgação prefeitura de Campos
Por Leonardo Maia
Campos — As milhares de crianças abrigadas no Brasil passam sua infância e adolescência numa contagem regressiva. A cada dia em que aguardam por um novo lar definitivo se aproxima um segundo abandono. O momento em que terão de deixar o abrigo para encarar um mundo hostil sem o suporte de uma família. A entrada na vida adulta, que já é fase turbulenta e difícil para qualquer um, para esses jovens traz desafios ainda maiores. Com essa percepção, a Fundação Municipal da Infância e da Juventude (FMIJ) começa a colocar em movimento este mês o Programa de Autonomia e Estratégias para o Desligamento Funcional (Paedi).
O nome é comprido e técnico. Mas quer facilitar essa transição que pode ser muito traumática, ainda mais para quem já passou por uma ruptura drástica, o abandono ou a separação forçosa da família original. O Paedi, com uma equipe multidisciplinar, pretende orientar os jovens sobre uso do dinheiro, obrigações e questões burocráticas da vida adulta, e apoio para inserção no mercado de trabalho, por exemplo. Além de explorar os talentos, habilidades e preferências de cada um individualmente.
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“É uma proposta para buscar instrumentos que possibilitem aos adolescentes ter a consciência da importância de seu próprio protagonismo”, comenta Sana Gimenes, presidente da FMIJ. "Queremos que a experiência no acolhimento seja positiva, ajude a ressignificar suas vidas e seja propulsora do exercício de uma vida autônoma e ativa na comunidade”.
Sana Gimenes, presidente da Fundação Municipal da Infância e Juventude, de Campos - Divulgação prefeitura de Campos
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O Paedi é uma elaboração e ampliação do Adolescer, iniciativa em curso havia um ano, de proposta semelhante, mas de escopo de atuação mais limitado. O novo programa pretende de fato extrapolar os muros das instituições e acompanhar de fato os jovens abrigados nos primeiros passos no mundo lá fora.
O foco são os adolescentes de 14 a 17 anos. Além das aulas e orientações sobre assuntos diversos, da introdução a uma qualificação profissional, eles receberão um auxílio financeiro para se estabelecerem. Em troca, terão de cumprir algumas exigências, durante esse período de internação e por seis meses depois de sua saída dos abrigos.
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No início de 2017, Campos contava 182 crianças e adolescentes acolhidos. Atualmente são apenas 35 aptos para a adoção.
A ideia da FMIJ é manter o Paedi por pelo menos dois anos, avaliando posteriormente seu impacto e seus benefícios.