Fachada do Palácio da Cultura, na Pelinca, em Campos, antes de seu fechamento em 2014 para uma reforma que ainda não terminouDivulgação prefeitura de Campos
Por Leonardo Maia
Publicado 13/08/2019 17:03 | Atualizado 13/08/2019 17:04
Campos — As obras de finalização da reforma avançam, e cresce a expectativa pela reabertura do Palácio da Cultura. E quando o histórico ponto de convívio cultural e artístico retornar à rotina dos campistas ele estará ainda mais diverso, multifacetado e rico. Além de voltar a abrigar a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), a Biblioteca Municipal Nilo Peçanha e a Biblioteca Infantil Lúcia Miners, e dos seus espaços para exposições de diversas forma de arte, e do auditório e do anfiteatro, o Palácio da Cultura vai ganhar um novo espaço, sintonizado com as demandas da atualidade, incluindo na área cultural: um Centro Municipal de Inovação.
De acordo com Cristina Lima, presidente da FCJOL, mais do que disputar espaço, do qual o Palácio dispõe em fartura, a ideia é estimular as trocas mútuas entre as áreas. Afinal, uma e outra depende do engenho humano, da criatividade e de um olhar crítico para os dilemas do mundo.
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“O Palácio é e continuará a ser da Cultura, mas a arte e a ciência vão conversar, em um olhar que é da atualidade. Uma é capaz de tornar a outra mais acessível ou sensível aos públicos”, comenta Cristina. “Dentro da área cultural temos projetos de avanço tecnológico como a biblioteca virtual e contaremos com a Ciência, Tecnologia e Inovação como parceira. Também os agentes artísticos podem, sim, dialogar com esse olhar e se verem como empreendedores”.
Construído na antiga “Praça da Bandeira”, o Palácio gerou polêmicas desde sua concepção, por tirar do campista a área verde que ali havia e porque seria construído afastado do que era a área mais central e nobre da cidade à época. A Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece) ocupou por anos parte do prédio, gerando controvérsias. Ponto pacífico, porém, é que fechado o prédio não serve a propósito nenhum.
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O novo Centro de Inovação também tem gerado resistência inicial da classe artística, temerosa de que a razão de ser do Palácio fique em segundo plano.
“O incentivo a criação de novas formas de negócio em todas as áreas, a cultura inserida nesse contexto, é uma tendência mundial, gerando renda, criando empregos, enquanto promove diversidade cultural e desenvolvimento urbano”, defende Viny Soares, ex-presidente da FCJOL e figura ativa na vida cultural de Campos há anos. “As novas profissões e funções ligadas à criatividade produziram uma riqueza de R$ 155 bilhões para economia brasileira em 2015. Não vejo como a cultura possa estar dissociada disso”.
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Para Viny, o mais importante é observar a retomada dos investimentos na cultura da cidade, depois de anos de estrangulamento do setor. “Nós da cultura campista resistimos firmemente a um legado de fechamentos. Palácio da Cultura, Teatro de Bolso, Museu Olavo Cardoso. Duas casas de cultura, o Arquivo Público Municipal, o Teatro Trianon e o Museu Histórico de Campos também sobreviveram à anemia financeira entre 2009 e 2016. Esses equipamentos foram devolvidos à população nos últimos anos”.
Os trabalhos da reforma do Palácio da Cultura foram interrompidos no fim de 2013Divulgação/Prefeitura
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No ambiente que será destinado ao novo Centro de Inovação, haverá espaço de coworking aberto ao público e um café bistrô. Tudo para estimular a troca de ideias e, por que não, de inspirações. O novo espaço também vai levar ao Palácio investimentos de R$ 1 milhão em emenda parlamentar, que será usado para aquisição de novas mobílias.
"Além disso, haverá sala para reuniões, salas de consultoria e de treinamento. Essa estrutura pretende trazer uma harmonização completa desses diversos agentes do ecossistema de inovação, criando também oportunidades para o fomento da economia criativa”, observa o superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação, Romeu e Silva Neto.
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Calote e imbróglio jurídico
O Palácio da Cultura está fechado desde 2014, quando a empresa então responsável pela reforma interrompeu as obras alegando falta de pagamento pela antiga administração municipal, de Rosinha Garotinho. Ao assumir, a gestão Rafael Diniz percebeu que os trabalhos foram paralisados bem aquém do que havia sido comprometido, mesmo a se considerar o montante que não foi pago à empresa.
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Recentemente, com a aprovação da Justiça, a prefeitura conseguiu que a reforma fosse finalizada por uma construtora como indenização pela derrubada irregular do histórico Casarão Clube do Chacrinha, no início de 2013. Orçada em R$ 1,2 milhões a empreitada não terá custos ao município, portanto. A previsão de reabertura é o fim do ano.