O jornalista e escritor Felipe Sáles lança o romance reportagem "O azarão da Baixada da Égua", sobre um adolescente da praia do Farol de São Thomé que se torna jóquei no Rio dos anos 80 e 90Divulgação
Por Leonardo Maia
Campos — Um adolescente da bucólica Farol de São Thomé, filho de pescadores, que alcança o sucesso como jóquei no Rio, e se vê inesperadamente em meio ao frenesi boêmio e transgressor dos anos 80 e 90 da capital fluminense. É o personagem central (e real) do romance reportagem “O azarão da Baixada da Égua”, do jornalista Felipe Sáles. O livro será lançado nesta sexta, às 20h, no Espaço Santa Paciência, dentro do Festival Doces Palavras.
“O quiosque do Marquinho fica perto da casa da minha família, onde passei a infância. Em 2016, depois de voltar da Irlanda, meu pai me lembrou a história dele. Foi inevitável”, diz Sáles, sobre o momento em que decidiu ir fundo para descobrir o que havia por trás daquele personagem aparentemente sem destaque que tocava seu pequeno negócio numa calma comunidade litorânea.
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“Fiz entrevistas com Marquinho, amigos, conhecidos, para o que poderia ser uma reportagem de fôlego. Quando escrevi o que seria o primeiro capítulo, percebi que seria algo maior. E travei. Deixei na gaveta. Este ano resolvi sentar a bunda para escrever”, conta o jornalista de 37 anos, atualmente editor-chefe do RJ 2, telejornal noturno da Inter TV, afiliada da Rede Globo em Campos.
Sáles volta no tempo e se insere no submundo do turfe e da noite cariocas, frequentado por mafiosos, traficantes, prostitutas, jogadores de futebol, bicheiros e políticos, para contar a história de Marquinho, que deixou a pacata praia no litoral campista, aos 15 anos, e aportou na Escola de Jóqueis da Gávea. Ainda aspirante, superou lendas como J.Ricardo, recordista mundial em vitórias no turfe. Em pouco tempo, percebeu-se absorvido por essa atmosfera vibrante — e perigosa —, e que eventualmente cobraria um preço.
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“Chama a atenção como o salão nobre do Jockey Club era uma espécie de balcão de negociatas entre políticos, bicheiros e toda sorte de gente do submundo criminoso carioca, todos camuflados sob o glamour do turfe”, destaca o autor.
Ao narrar a trajetória de Marquinho, atualmente dono de um quiosque no Farol, o escritor joga luz sobre os bastidores das corridas de cavalo, e também descortina os primeiros sinais do cenário político e policial que viria a moldar o Brasil dos dias atuais.
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“As pesquisas sobre a política e a segurança pública da época me surpreenderam pela semelhança com os tempos atuais”, sublinha Sáles. “Muitos personagens ainda vagam por aí, muitos escândalos inacreditáveis que sumiram do radar das instituições encontram paralelo com os mesmos de agora. A gente acha que a crônica política hoje renderia uma série, mas o Brasil é uma novela sem fim”.