População respeita decreto das máscaras, mas auxílio do governo provoca aglomeração
Autoridades fiscalizam uso obrigatório de proteção facial, mas agências bancárias ficam lotadas
Por Leonardo Maia
Campos — Uma rápida volta pelas ruas de Campos é o suficiente para atestar o contraste. Na maior parte da cidade, lojas fechadas e vias desertas. Mas à frente das agências bancárias e lotéricas, filas e mais filas. A maioria das pessoas em busca do auxílio de R$ 600 liberado pelo governo federal e que tem provocado tumulto, confusão e aglomeração em todo o país. Uma ação de vários órgãos da prefeitura com apoio da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil, circulou pela cidade para minimizar a situação e fiscalizar o cumprimento do decreto do prefeito Rafael Diniz que obriga o uso de máscara em qualquer lugar público, em seu primeiro dia de validade.
“Percorremos diversos estabelecimentos e a maioria das pessoas usavam as máscaras, se mostrando consciente da proteção e da obrigatoriedade. Infelizmente, alguns casos de descumprimento foram flagrados”, comentou Darcileu Amaral, secretário municipal de Segurança Pública.
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Se por um lado foi possível confirmar que quase todos que vão às ruas já adotaram as máscaras como parte da vestimenta, por outro, a necessidade de muitos em buscar o benefício somada à demora no atendimento tem levado à reunião de dezenas de pessoas em pontos importantes da cidade.
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Na agência da Caixa no calçadão do Centro, muitos se aglomeravam, enquanto as autoridades tentavam orientar e ajudar na organização da fila de forma a diminuir o risco de eventual contágio pela covid-19.
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Isso num momento em que Campos, que de fato conseguiu achatar a curva de propagação da doença, começa a entrar no pico previsto para todo o Brasil. Apenas nesta segunda, foram nove novos casos confirmados. Já são 70 infectados pelo vírus no município, com três mortes e outros dois óbitos suspeitos.
Na Pelinca, área nobre campista, desde as primeiras horas da manhã, pessoas formavam longas filas em frente às agências bancárias. Na Caixa em frente ao Palácio da Cultura, na Rua Barão de Miracema, às 8h30 desta terça, a fila praticamente chegava à esquina da Beira-Valão, do outro lado do quarteirão.
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A prefeitura informou que tem realizado diversas rondas de fiscalização desde o início da quarentena, antes mesmo do grande afluxo às unidades bancárias, para verificar o cumprimento de regras como controle de entrada de clientes, uso de álcool e outros produtos de higienização.
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“A superintendência de Postura realizou 1702 vistorias em diversos locais entre bairros, distritos e região Central no município — incluindo ações pontuais e operações conjuntas. Foi um total de 1030 denúncias recebidas. Até o momento, 116 estabelecimentos foram autuados”, disse a prefeitura, em nota enviada à reportagem.
Em seu decreto, Diniz estabeleceu a obrigatoriedade da proteção facial em todos os ambientes públicos, incluindo as lojas que estão autorizadas a abrir, como as de materiais de construção. Cabe aos proprietários exigir o uso das máscaras de funcionários e consumidores. Uma lotérica foi multada e seu dono, detido, por reagir mal à cobrança dos fiscais.
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“O nosso foco é a conscientização. Os proprietários e responsáveis pelos estabelecimentos são responsáveis por impedir ingresso nestes locais de pessoas sem máscaras. Em caso de descumprimento, ficará caracterizado crime previsto no artigo 268 do Código Penal e será comunicado às autoridades policiais locais e ao Ministério Público”, explicou Amaral.
Diniz também destacou que as máscaras não só podem como devem ser feitas de tecido: “Máscaras profissionais devem ser deixadas para os profissionais de saúde utilizarem”.