Wladimir Garotinho, prefeito eleito de Campos dos Goytacazes.  - Divulgação/PSD
Wladimir Garotinho, prefeito eleito de Campos dos Goytacazes. Divulgação/PSD
Por Bertha Muniz


CAMPOS - Wladimir Garotinho (PSD) foi eleito prefeito de Campos dos Goytacazes, com 121.174 votos, totalizando 52,04% dos votos válidos, neste domingo (29). Wladimir tem 35 anos e disputou pela primeira vez a prefeitura. Atualmente ele exerce mandato de deputado federal pelo PSD. Ele disputou o segundo turno com o candidato Caio Vianna (PDT), que obteve 47,60% dos votos válidos, totalizando 110.094 votos. Em entrevista ao Jornal O DIA, ele dedicou a vitória ao povo campista e disse que irá se empenhar em reverter o cenário atual da cidade.

"Essa é a vitória do povo que entendeu as nossas propostas. Agradeço a Deus e toda os eleitores que depositaram confiança em mim e dizer que serei um prefeito de verdade de toda a população. Mais uma vez foi o povo mais humilde e que mais sofreu nos últimos quatro anos que nos deu a vitória", comentou Wladimir, informando que uma das primeiras ações dele assim que tomar posse em janeiro é colocar os salários dos servidores e dos aposentados e pensionistas em dia.

Wladimir também analisa que o momento é de unir forças em prol da cidade. “O momento agora é de pacificar, de unir a cidade. Estou dando entrevistas aos veículos de comunicação e tenho convidado a população, a sociedade civil, as universidades, os segmentos produtivos, as instituições, a todos se unirem por um projeto coletivo para que Campos possa ter condições de voltar a crescer. Nós sabemos que vamos enfrentar dificuldades, mas elas vão ser enfrentadas de frente, com diálogo, muito trabalho, para gerar soluções e fazer a cidade voltar a ser feliz e retomar o seu papel de destaque e de importância” destacou o novo prefeito.


Confira abaixo a entrevista completa:

O DIA - Diante de um cenário de pandemia com aumento do número de casos de Covid-19, o senhor vai assumir a prefeitura adotando quais medidas prioritárias na área da Saúde?

WLADIMIR GAROTINHO- Como prefeito vou ser o líder, não preciso ter conhecimento de todas as áreas, mas liderar nossas equipes e decidir. Na Saúde vamos nos cercar de quadros e pessoas técnicas para garantir o melhor serviço ao povo. Não temos ainda as informações oficiais sobre a pandemia e a equipe de transição terá como uma das prioridades levantar esse cenário, as medidas adotadas, os casos. Vamos adotar todas as medidas que forem orientadas pelas equipes técnicas da Saúde e por autoridades sanitárias em relação à pandemia, que garantam a proteção de vidas e o atendimento à população.

O DIA - Ao que atribui a vitória nas eleições 2020?

WLADIMIR GAROTINHO - A população passou por quatro anos com um governo sem preparo, que não cuidou das famílias, que abandonou pessoas morrendo nos corredores dos hospitais, que estão literalmente caindo aos pedaços, que fechou postos de saúde em plena pandemia, que não gerou oportunidades e nem desenvolvimento. O povo humilde e sofredor, o que mais depende do serviço público, foi quem nos deu a vitória. Ganhamos no interior, na periferia, nos bairros de Guarus. A nossa vitória representa a esperança da população de ver sua cidade voltar a sorrir, a crescer, com respeito, zelo, justiça social e com geração de empregos.

O DIA - Atribuirá algum traço das gestões anteriores em que sua família esteve no poder executivo municipal em sua gestão?

WLADIMIR GAROTINHO - Um dos pontos que mais marcaram o povo nesses quatro anos foi esse lado desumano do governo, a falta de sensibilidade com a dor do próximo, ausência de empatia com que mais precisa. A nossa candidatura uniu esse olhar da justiça social com o desenvolvimento econômico. Quando se cuida das pessoas, elas crescem, se tornam ativas, produzem, consomem e movimentam a economia. E vamos atuar muito na gestão eficiente dos recursos, fazer parcerias com governos e iniciativa privada, trazer “dinheiro novo” com convênios e investimentos, movimentar a economia, para abrir novas oportunidades para quem estuda, trabalha, para quem empreende na cidade.

O DIA - Quais as medidas sociais prioritárias a serem implantadas nos primeiros meses de governo?

WLADIMIR GAROTINHO - A nossa primeira medida será saber qual é a real situação do município. Para começar a organizar a casa e programar nossas ações, cumprir o que prometemos. Como o pagamento em dia dos servidores ativos e inativos já a partir de janeiro de 2021 e a adoção de calendário regular para o ano todo. Já estamos trabalhando com a união da cidade e com o diálogo, parcerias, fazendo os primeiros contatos. Após a nossa vitória no domingo, já falei ao telefone com os três senadores do Estado do Rio, com o governador Cláudio Castro e vamos começar a planejar nossa cidade.

O DIA- Como fica a questão do status sub judice mesmo após eleito?

WLADIMIR GAROTINHO - O meu registro sempre esteve deferido, a minha foto apareceu na urna, meus votos foram totalizados, ganhei em primeiro e segundo turno, e fui eleito prefeito de Campos. A discussão é se o meu vice, Frederico Paes, para ser candidato deveria cumprir o prazo de afastamento de suas funções no Hospital Plantadores de Cana (HPC), entidade filantrópica privada. E não seria preciso, segundo admite o próprio parecer da Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) no processo, assinado pelo vice Procurador Geral Renato Brill de Góes, falando de decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que não é necessário esse prazo. Não há insegurança jurídica, porque há entendimento do TSE de que o titular da chapa, com registro deferido como o meu, não pode ser alcançado nesses casos.

O DIA - Quais são os projetos para as áreas mais carentes de Campos?

WLADIMIR GAROTINHO - As pessoas que menos têm condições são as que mais precisam que os serviços públicos funcionem com qualidade e de verdade. A gente quer devolver a elas a confiança de que elas terão cuidado e apoio para crescer. O governo que está acabando falhou por não oferecer respostas à população, gastar mal e decidir errado. Não tem sentido, por exemplo, fechar o Restaurante Popular, que alimentava duas mil pessoas por dia, a um custo muito baixo, que vamos reabrir. Vamos fazer parcerias com a iniciativa privada, com as instituições, com um programa chamado Campos Solidário, gerando alternativas de atendimento. Vamos fazer a busca ativa de pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social, que se encaixem em critérios de elegibilidade para os programas do Governo Federal. Vamos procurar apoiar a qualificação para gerar inclusão, preparar jovens para o mercado de trabalho. Nosso governo vai trabalhar dia e noite para fazer a saúde funcionar de verdade, cadastrando equipes da Estratégia de Saúde da Família para atender nos bairros e distritos, onde as pessoas moram e se pode resolver a maior parte dos problemas. Vou buscar recursos e parcerias para recuperar o Hospital Geral de Guarus e o Ferreira Machado e criar uma Central de Regulação para tirar as pessoas dos corredores e garantir internação.

O DIA - Qual o seu plano de governo?

WLADIMIR GAROTINHO - Eu disse durante toda a campanha ao lado do povo: a gente não fez um programa de governo, a gente discutiu um projeto para a cidade, com mais de 114 técnicos de universidades, de instituições, de segmentos de todas as áreas, durante 10 meses. O nosso governo vai trabalhar muito para fazer justiça social, com ações de atenção, de acolhimento, de suporte, com uma prefeitura humanizada. E ao lado da reconstrução da economia da cidade. Com a geração de oportunidades, de empregos, atraindo novos investimentos, receitas novas, com parcerias e diálogo com a iniciativa privada, com os governos, com as autoridades. Eu sou deputado federal, deixei muitas portas abertas em Brasília. Há verbas para investimento e custeio, convênios com a União e Estado, que dependem de projetos para atrair e captar “dinheiro novo”. Vamos montar uma equipe de pessoas técnicas, comprometidas com a cidade de Campos para fazer esses projetos acontecerem.

O DIA - Quais são os projetos para a o setor de óleo e gás, bem como a destinação e utilização das verbas provenientes dos royalties do petróleo?

WLADIMIR GAROTINHO - Eu sou presidente da Frente Parlamentar dos Municípios Produtores de Petróleo, sempre presente na luta contra a alteração dos critérios de distribuição dos royalties, me reunindo com os ministros do STF, com o governador do Estado. Sei da importância dessas receitas para Campos, municípios da região e para o próprio Estado do Rio. O Rio, segundo a Firjan, perde quase R$ 60 bilhões em 5 anos e os municípios ficam sem 40% de suas receitas. Vou conversar com prefeitos da região produtora, discutir uma estratégia comum de mobilização, nivelar ações de defesa contra as alterações. O nosso papel vai ser o de apoiar o fortalecimento da economia de Campos, investir em infraestrutura para atrair, captar e abrigar investimentos. No cenário de óleo, gás e energia, logística, vamos priorizar a criação da Zona Especial de Negócios (ZEN), que vamos fazer na Baixada campista, ao lado do Porto do Açu. Campos tem toda a infraestrutura necessária de serviços, educação, saúde, logística, mão de obra qualificada, para dar suporte a novos empreendimentos.

O DIA - Entre as propostas apresentadas na sua campanha quais as prioridades de implementação? Há um plano de ações para os primeiros 100 dias de governo?

WLADIMIR GAROTINHO - É preciso conhecer por dentro os números oficiais do município e já estou procurando o município para dar início aos procedimentos relativos à transição. Estamos orientando a formação das equipes de transição para avaliar as primeiras medidas. O nosso projeto para a cidade tem plano de ações e metas estabelecidas para garantir, logo no início de nosso governo, a geração de resultados para a população.

O DIA - As aulas irão voltar de forma híbrida já que o protocolo de retorno está pronto para o ano letivo 2021?

WLADIMIR GAROTINHO - Precisamos primeiro ter acesso às informações oficiais sobre a pandemia e o calendário proposto pelo município para comentar. Vai ser tratado por mim com muito cuidado, para oferecer a melhor solução para nossas crianças, jovens, pais, profissionais, em um trabalho que contará com os quadros técnicos da Educação e da Saúde, nessa fase de transição, conversando sobre os caminhos possíveis, que respeitem as orientações das autoridades sanitárias.

O DIA - Haverá uma equipe de transição para se inteirar dos programas e projetos por área? O senhor já escolheu os nomes que irão compor essa equipe?

WLADIMIR GAROTINHO - O primeiro nome, da área mais sensível, principalmente com o quadro de pandemia, é o da Saúde e é o de meu vice-prefeito, Frederico Paes, um gestor de larga experiência hospitalar, que foi diretor do Hospital Plantadores de Cana, e que vai atuar ao lado dos médicos Paulo Hirano e Geraldo Venâncio, ao lado de outros colegas.

O DIA - Pretende anunciar os nomes dos secretários todos de uma só vez dia 31? Ou a equipe continuará a mesma?

WLADIMIR GAROTINHO - Vamos apresentar uma equipe de pessoas comprometidas com a cidade de Campos, com quadros técnicos, com reconhecida capacidade em suas áreas, que vamos anunciar no tempo certo, para me ajudar, junto com a população, a trabalhar muito, com dedicação total, para garantir que a prefeitura funcione de verdade para oferecer serviços de qualidade, para a gente reconstruir nossa cidade e devolver ao campista o orgulho de morar aqui.