Por O Dia
Ganhamos orquídeas de presente. Lindas, floresceram durante um bom tempo, decorando o ambiente com formas, cores e um suave perfume. Com as semanas, suas flores murcharam e ficaram os galhos. Um ano depois, em silêncio, os botões voltaram a desabrochar, lenta e firmemente, anunciando um novo ciclo.
Toda manhã, cumprimentava suas folhas tenras e coloridas, verdadeiras esculturas tecidas por mãos de anjos.
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Novas semanas se passaram e outra vez o ciclo se completou. As flores murcharam, caindo como adubo sobre a terra do vaso.
Assim é nossa existência, o mesmo ocorre com as pessoas que enfeitam a nossa vida. O tempo das orquídeas e o nosso, ambos revelam a impermanência das coisas manifestadas.
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Saibamos curtir a presença das flores humanas ao nosso redor; que possamos observá-las com atenção, sentir seu perfume, refletir suas cores, compartilhar com elas nossos segredos, acariciá-las, amá-las como iguais. De repente, o tempo escorre e elas nos escapam; ou acontece o contrário, e somos nós que partimos.
As nuvens passam, as estrelas ficam, as formas se desvanecem, a essência permanece. Essa verdade não nos impede de sentirmos saudade. Mas se cuidamos bem de nosso jardim, ficamos com a certeza do dever cumprido, do tempo compartilhado, da angústia superada e da vida eternizada.
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Fernando Mansur: Radialista. Escritor. Professor. Graduado em Letras pela Universidade Católica de Minas Gerais (Ponte Nova). Mestre e doutor em Comunicação pela UFRJ. BLOG FM_FERNANDO MANSUR