Átila Nunes
Átila NunesReprodução
Por Átila Nunes
Numa era de extrema polarização, tornou-se perigoso falar sobre o certo e o errado. Você pode ser o alvo, julgado por algo que disse há dez anos, dez meses atrás, dez horas atrás, dez segundos atrás. E isso significa que aqueles que pensam que você está errado, podem queimá-lo na fogueira. Ou, aqueles que estão do seu lado e pensam que você não é suficientemente ortodoxo, podem tentar “cancelá-lo”. Ora, o certo e o errado mudam com o tempo.

É o caso de práticas religiosas. Espíritos mais evoluídos, cumprindo sua missão nas últimas reencarnações nos centros espíritas e terreiros, compreendem que a barbaridade que era o sacrifício humano há milênios em várias sociedades, de diferentes crenças, costumava ser normal e natural. Era uma forma de apaziguar os deuses. Do contrário, a chuva não viria, o sol não brilharia.
As execuções públicas, por exemplo, (ainda surpreendentemente praticadas em alguns países), eram comuns, normais, legais. As pessoas costumavam levar os filhos para assistir a decapitações nas ruas de Paris. Um dos maiores erros, a escravidão, era algo praticado por milênios. Foi praticado entre os incas, os maias, os chineses, os indianos e nas Américas do Sul e do Norte.

De uma forma estranha, a polarização é estimulada pelas mídias sociais. Estamos atirando um no outro. Estamos atirando naqueles que achamos que estão errados com postagens, tweets, fotos, acusações, comentários. Foram criadas trincheiras onde você tem que estar nesta ou naquela trincheira. E quase não há meio-termo para nos encontrarmos, para tentarmos encontrar algum tipo de discussão entre o certo e o errado.

Católicos, umbandistas, muçulmanos e evangélicos foram jogados nessas trincheiras por líderes religiosos ambiciosos, aqui no Brasil. É comum vermos adesivos nos automóveis com os dizeres “Deus é Fiel”. Outros com a imagem do terço da Virgem Maria. Alguns, com a imagem de São Jorge (Ogum). E muitos com a palavra Jesus. Impossível, contudo, ver dois adesivos no mesmo carro, mesmo sabendo-se que Deus e Jesus são fiéis à Virgem Maria e a São Jorge. Como vivemos em tempos polarizados, ao pensar no certo e no errado, não entendemos que o certo e o errado mudam e, agora, estão mudando de forma exponencial.

O que é o certo e o errado? Por exemplo, se você assumir a posição: "Eu sei o que é certo. E se você discorda totalmente de mim, se você discorda parcialmente de mim, se até mesmo me questiona, então você está errado". Pronto! Não há discussão. Consequentemente, não há tolerância, nem evolução espiritual e certamente, nenhuma aprendizagem.

Nestes tempos de polarização, é bom reviver duas palavras que raramente se ouve hoje: humildade e perdão. Quando você julga o passado, seus ancestrais, seus antepassados, o faça com um pouco mais de humildade, porque talvez, se você tivesse vivido e educado naquela época, teria feito muito coisas erradas, nos conceitos de hoje. Nossa compreensão do certo e do errado muda ao longo do tempo.

A segunda palavra, perdão. Você não pode cancelar alguém por dizer a palavra errada, por ter feito algo há dez anos, por não estar cem por cento certo. Para viver numa comunidade, você tem que construí-la conversando com as pessoas, aprender com pessoas que podem ter pontos de vista muito diferentes dos seus. A gente tem que permitir a eles um espaço, em vez de criar uma terra de ninguém. Este é um momento em que precisamos desesperadamente reconstruir nossa sociedade, sem as trincheiras do certo e do errado. Senão, vamos continuar aniquilando irremediavelmente as nações.


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Os pretos velhos eram escravos? Carlos Oliveira (zap final 67)
Não necessariamente. Muitas entidades de luz incorporam em caboclos e pretos velhos nos terreiros para facilitar a comunicação com as pessoas mais simples. Não seria surpresa se encontrássemos grandes médicos e intelectuais por trás daquele linguajar simples dos pretos velhos.

Tenho muita saudade do meu filho que morreu por causa da covid. Como faço para entrar em contato com ele? (Luiz Alcântara - zap final 53)
Luiz, como dizia Chico Xavier, o “telefone” só toca de lá para cá. Aguarde. Ele entrará, de alguma forma, em contato, seja através de psicografia, seja através de sonhos. Calma. Tenha certeza de uma coisa: ele está em paz, num mundo muito melhor do que o nosso.