Senador Davi Alcolumbre  - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Senador Davi Alcolumbre Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Por Chico Alves
Depois de várias legislaturas com a popularidade em baixa por conta de seguidos escândalos de corrupção, deputados e senadores começam seu mandato com aprovação maior, graças ao alto índice de renovação do Congresso. Nesse novo tempo, porém, a cobrança é maior, feita massivamente através das mídias sociais, onde ativistas à esquerda e à direita têm jogado pesado. Há quem use emails e as redes para fazer ameaças. O assunto tem sido uma das preocupações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, já que vários integrantes da Casa foram ameaçados depois de votações recentes. O tema é um dos mais comentados entre deputados e senadores.

A semana começa com um bom exemplo: na manhã desta segunda-feira, a hashtag #CongressoFanfarrao esteve nos trend topics do Twitter, com memes, críticas e xingamentos aos políticos do chamado Centrão. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é o alvo principal. O próprio Alcolumbre teve citações bastante negativas.

Os políticos tentam achar um meio termo. "As redes são importantes para aproximar o eleito do eleitor. São um termômetro, mas não o único", avalia o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ). "Muitas vezes recebemos comentários de apoio e incentivo, assim como posições contrárias. Algumas vezes percebemos um tom mais belicoso, que é fruto do envenenamento do debate político nacional pelo ódio". Molon acredita que muitas vezes há exageros no comportamento dos colegas: "Alguns parlamentares parecem dar um peso talvez excessivamente grande a isso. Essas manifestações nas redes não refletem necessariamente a opinião publica. Tem que haver equilíbrio".

O deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) vê essa influência como algo positivo. "É uma realidade na vida da nova política. O parlamentar consegue ser eleito através das redes e ter transparência", acredita. "Foi importante para democratizar a eleição, gastou-se menos recursos". No mandato, Jordy acredita que esse relacionamento tem que ser ajustado. O político deve ouvir as redes sociais, mas não obedecer cegamente a elas. "Críticas não podem pautar o seu voto. Me guio pelo que o governo determina. Algumas vezes é desgastante. Na própria Reforma da Previdência recebemos muitas críticas", relata. Ele já recebeu ameaças pelas redes, mas não levou a sério. "Se for alguma coisa concreta, temos que encaminhar para as autoridades".

Especialista no assunto, o filósofo paulista e professor da USP Pablo Ortellado acredita que o fato de tantos políticos terem sido eleitos com a ajuda das mídias sociais mostra que os ativistas digitais têm força para influenciar quem está fora da bolha, mesmo não sendo maioria. "Essas pessoas são muito influentes, aparecem nas timelines de milhares, de milhões. Impactam a opinião de centenas de milhões. Por isso, não é uma irracionalidade prestar atenção no que as redes sociais estão dizendo. Faz sentido". Ele acredita que os deputados e senadores acabarão por se adaptar ao novo cenário. "Vão ter que aprender a administrar. Não dá pra ignorar, mas não podem virar refém." (Leia a entrevista completa de Pablo Ortellado aqui)
Esta é a primeira postagem da coluna BASE, um espaço em que o leitor poderá seguir de perto os fatos e os bastidores da política nacional, que vive uma das fases mais movimentadas da história.