Esse é um dos principais motivos que levam Bolsonaro a turbinar a ideia de fazer em território fluminense uma nova pista, que levaria o nome de Ayrton Senna, para sediar provas de Fórmula 1 em 2021. Assim, tiraria de São Paulo o seu principal evento turístico, que movimenta R$ 334 milhões, impondo uma derrota ao governador João Dória (PSDB), visto por todos como potencial candidato a presidente na próxima eleição. O primeiro anúncio foi feito no dia 8 de maio, quando Bolsonaro assinou termo de cooperação para construção do circuito em Deodoro e anunciou que a F1 se mudaria para o Rio. Dois dias depois, Dória deu entrevista rebatendo e disse que a prova continuaria em São Paulo.
Na última semana, o tema voltou a esquentar por conta da visita ao Brasil do principal diretor executivo da categoria automobilística, Chase Carey. Ontem, falando no Palácio do Planalto na presença de Carey, o presidente garantiu que tudo estaria 99% acertado ("ou mais", disse ele) para que a Fórmula 1 seja realizada no futuro autódromo carioca, em 2021. O executivo americano falou depois do presidente e negou que haja definição sobre o assunto: "No momento não temos nada fechado, estamos ainda em negociação. Não queremos eliminar qualquer possibilidade. Estamos negociando com o Rio de janeiro, mas também com São Paulo".
Dória, que não é bobo nem nada, já tinha identificado na disputa uma tentativa de ultrapassagem eleitoral. "A questão da Fórmula 1 não é política. É econômica. Não é hora de eleição, é momento de gestão", afirmou o tucano, ainda na segunda-feira. Nesta terça-feira, depois da fala de Bolsonaro, o governador paulista reafirmou que quer manter a prova em São Paulo e anunciou um plano de 20 anos de permanência. Seja lá qual for o vencedor, o certo é que Dória foi puxado por Bolsonaro para a primeira disputa da corrida eleitoral de 2022.
O empresário Paulo Marinho conhece os dois lados: foi apoiador de primeira hora da campanha de Bolsonaro e hoje é dirigente do PSDB do Rio, aliado de Dória. "Quem está dando essa conotação de disputa eleitoral é o capitão (forma como Marinho se refere ao presidente). Avalio que o projeto do Rio de Janeiro precisa de um investimento imenso, não sei se é viável do ponto de vista econômico, é uma operação complicada", disse o empresário. "Independente da decisão dos responsáveis pela Fórmula 1, acho um erro o capitão ter entrado nessa história, não faz sentido fazer essa disputa dessa forma". O dia inteiro de ontem foi de provocações e respostas de um lado e de outro. (Veja as provocações aqui)