Manifestações em apoio ao governo Bolsonaro acontecem em todo Brasil Atos defendem propostas como pacote anticrime e reformas da Previdência e ministerial.  - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Manifestações em apoio ao governo Bolsonaro acontecem em todo Brasil Atos defendem propostas como pacote anticrime e reformas da Previdência e ministerial. Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por Chico Alves

O dia de manifestações marcado para hoje é mais uma gota no pote de mágoas da relação entre governo Bolsonaro e Congresso. Como de outras vezes, deputados e senadores vão acompanhar pela TV e pela internet a mobilização, que tem como bandeiras a defesa da Reforma da Previdência e da Lava Jato. Os parlamentares se preparam para ser novamente alvo dos protestos e já não têm mais paciência com a estratégia do governo, que usa seus apoiadores nas redes sociais e nas ruas para pressioná-los de forma agressiva. A hashtag que subiu ontem aos trend topics do Twitter dava a medida do clima de confronto que se verá nessas manifestações: Dia30Ultimato.

Políticos falaram à coluna que não entendem porque o governo é tão ingrato ao esforço que têm feito para tocar as pautas no Congresso, apesar da falta de articulação do Executivo e da absoluta resistência do presidente em negociar. Dizem que a Reforma da Previdência só andou por causa deles e enxergam a mobilização de hoje como uma espécie de "chantagem". Episódios como as ameaças aos senadores que votaram contra os decretos das armas e, mais recentemente, as ameaças ao presidente da comissão da Reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), deixaram irritados até políticos do PSL, partido do presidente.

Ao contrário da última vez que os bolsonaristas pisaram o asfalto para protestar, grupos como Vem pra rua e MBL estarão ajudando na organização dessa vez. Os apoiadores do governo esperam dar uma demonstração de força ao Congresso, ao STF e até mesmo aos que encampam a tese de parcialidade do ex-juiz e agora ministro da Justiça Sergio Moro, por causa dos vazamentos publicados pelo site The Intercept. Nessa tática, a contagem de cabeças é decisiva.

Seja qual for o resultado, a tensão entre o governo e os deputados e senadores estará maior amanhã. Se a manifestação governista tiver bom número de apoiadores, os políticos se sentirão desconfortáveis por terem sido jogado às "feras" pelo grupo de Jair Bolsonaro. Se a mobilização não for representativa, o Congresso estará mais à vontade para continuar mostrando ao presidente que age de forma independente.

Até o final do dia, saberemos quem se saiu melhor nessa queda de braço. (Acompanhe as manifestações aqui)