Parlamentares avaliam que o novo sistema reduziu drasticamente o montante de dinheiro nas campanhas - Agência Brasil
Parlamentares avaliam que o novo sistema reduziu drasticamente o montante de dinheiro nas campanhasAgência Brasil
Por Chico Alves
A principal mudança na engrenagem eleitoral brasileira nos últimos tempos parece não ter agradado a alguns políticos. A proibição da contribuição de empresas a candidatos está sendo questionada, pois os parlamentares avaliam que o novo sistema reduziu drasticamente o montante de dinheiro nas campanhas. Há duas semanas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu pistas dessa inquietação, ao apoiar a proposta para que seja dobrado o valor do fundo partidário nas eleições municipais de 2020, o que faria o valor saltar para R$ 3,7 bilhões. Ontem, em um grupo de WhatsApp composto por políticos do DEM, discutiu-se uma ideia ainda mais audaciosa: alguns defendem que sejam novamente liberadas as contribuições empresariais às campanhas.

Pela proposta, ao menos uma parcela do dinheiro gasto pelos candidatos poderia voltar a vir das empresas. A informação obtida pela coluna foi confirmada pelo deputado Pedro Paulo (DEM-RJ). Ele é totalmente contrário à ideia."Acho uma temeridade, num momento pós-Lava Jato e diante de tudo o que está acontecendo no Brasil, voltar com o financiamento de campanha feito por empresas", diz Pedro Paulo. O deputado acredita que os parlamentares têm de se acostumar a fazer eleição com as restrições que existem. "Hoje o Congresso tem uma aprovação maior que a média dos últimos 30 anos. Aí vamos mudar o sistema? No máximo podemos introduzir alguns ajustes, não fazer um cavalo de pau e voltar ao modelo do passado".

Por enquanto, a proposta concreta que está na mesa para saciar a sede de recursos dos políticos é a do deputado Cacá Leão (PP-BA), apoiada por Rodrigo Maia, que quer engordar o fundo partidário. “Não acho que é exagero. Uma eleição municipal, com 5 mil municípios com milhares de candidatos a vereador, vai requerer um custo um pouco maior que a eleição do regime geral”, disse defendeu o presidente da Câmara a jornalistas, há alguns dias.

Na ocasião, Leandro Machado, um dos fundadores do movimento Agora!, avaliou que o aumento no fundo eleitoral seria ainda pior do que as altas doações empresariais. “Antes, não havia limites, estava errado. Mas agora estamos falando de dinheiro público, tirado indistintamente de toda a população. Dinheiro que não cai do céu”, disse, em entrevista a Veja.

Para o deputado Pedro Paulo, o novo sistema de financiamento ainda está em período de testes, mas até agora se mostrou satisfatório. "Pela primeira vez, temos um presidente eleito com pouco dinheiro, de uma forma que seria impensável no passado. A redução de gastos contribuiu para o Congresso ter esse índice de aprovação maior que a média histórica. Sou contra aumentar os recursos do fundo partidário e muito menos voltar ao que era antes".

Se o aumento de repasse para os partidos ou uma meia-volta ao financiamento de empresas são ideias que vão vingar, não se sabe. Mas é certo que esse tema vai render muitos debates na comissão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, na volta do recesso dos deputados e senadores.