Publicado 08/07/2019 11:27 | Atualizado 08/07/2019 11:31
Nos dedos ou na calculadora, todo mundo na Câmara dos Deputados começa a semana fazendo contas. O mistério a ser desvendado é quantos votos o texto da Reforma da Previdência terá quando o tema for a plenário. A expectativa é que a votação seja na quarta-feira e há prognósticos de todo tipo. Para comemorar a vitória, o governo precisa de ao menos 308 deputados a seu favor. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acredita contar com 330 votos para mudar o sistema de aposentadoria. "Pode ser até mais do que isso", arrisca. Do outro lado, as contas são diferentes. " Avaliamos que o governo e seus aliados alardeiam um número de votos favoráveis que ainda não têm", afirmou à coluna o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição.
Até o momento em que o presidente da Câmara declarar aberta a votação, ninguém saberá ao certo. Levantamento do jornal Estado de S. Paulo contabiliza 247 parlamentares a favor da reforma. Apesar de inferior ao necessário para a aprovação, é o maior nível de apoio desde que a publicação começou a fazer o levantamento, o que mostra que esse é um bom momento para os governistas. Já o site Atlas Político tem uma contagem diferente, atualizada até domingo, que apresenta 133 deputados a favor, 119 parcialmente a favor, 143 contra e 118 indecisos.
A oposição aposta que as discussões no plenário vão deixar claros os prejuízos que a reforma causa aos brasileiros e isso pode resultar em pressão sobre os governistas. "Acreditamos que, à medida que mostrarmos as crueldades da reforma no debate em plenário, viraremos alguns votos", diz Molon. Já o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), obviamente, argumenta no sentido oposto: "A reforma é a base de outras mudanças que queremos para o Brasil", diz ele. "Precisamos de forma urgente voltar a gerar empregos".
Para correr atrás de votos, todos os lados envolvidos usam as armas que têm. A oposição tenta mostrar que o projeto é danoso aos mais pobres, o presidente da Câmara aposta na mobilização de líderes partidários e o governo, que se elegeu repudiando o "toma lá dá cá" , acena com a possibilidade de liberar emendas para os deputados que votarem pela da reforma. "Corremos, de fato, o risco de o governo usar dinheiro público para comprar votos contra o interesse público. Um absurdo completo", critica Molon.
Como se vê, as horas que faltam para o início da votação em plenário serão eletrizantes em Brasília. Os oposicionistas sabem, porém, que a maré está mais para os defensores do texto da reforma.
Comentários