Publicado 13/08/2019 15:21
O inferno astral do procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, se aprofundou um pouco mais hoje. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu desarquivar procedimento contra ele, para apurar irregularidades reveladas nos vazamentos de mensagens do Telegram publicadas pelo site The Intercept e veículos parceiros (veja aqui). Os trechos que vieram a público revelam Dallagnol tramando com movimentos de rua para pressionar ministros do STF, sugerindo "esquecer" a corrupção de Onyx Lorenzoni, admitindo lucrar com a visibilidade de seu cargo, entre outras irregularidades. Se a veracidade das mensagens for realmente comprovada, o procurador terá muito a explicar. Má notícia não só para ele, mas também para o ministro e ex-juiz Sergio Moro.
É a primeira vez que o conteúdo dos vazamentos é investigado. Até aqui, as ações da Polícia Federal, subordinada ao ministério comandado por Moro, tinham ido apenas na direção de descobrir quais foram os autores da quebra de privacidade das autoridades da Lava Jato e outras instituições. Algo obrigatório, já que trata-se de um crime. Os assuntos das conversas, porém, tinham sido deixados de lado até agora. A decisão do CNMP muda essa situação. O conselho, obviamente, não tem qualquer ascendência sobre o ex-juiz da Lava Jato, mas como muitas das conversas vazadas eram entre ele e Dallagnol, as consequências para um muito provavelmente trarão repercussão para a vida do outro.
O jurista Walter Maierovitch, especialista na operação Mãos Limpas, que serviu de modelo à Lava Jato, acredita que o ex-magistrado tem muito com que se preocupar. "Embora as instituições (Ministério Público e Justiça) sejam diversas e constitucionalmente separadas e autônomas, as relações umbilicais entre Moro e Dallagnol irão, — caso o Conselho o afaste ou imponha outra sanção—, abalar o prestígio do ministro da Justiça".
No âmbito político, as coisas também não andam muito bem para Moro. Foi visto como desprestígio o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado claramente que o pacote Anticrime elaborado pelo titular da Justiça não é prioridade para o governo. Comenta-se no Planalto que, apesar de levá-lo a alguns eventos recentes, Bolsonaro anda insatisfeito com Moro desde que ele reclamou do ministro Dias Toffoli, que suspendeu investigações baseadas em dados do Coaf não solicitados judicialmente (algo que beneficiou o filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro). Também a viagem do ex-juiz a São Paulo para receber uma comenda das mãos do governador de São Paulo, João Doria, desagradou o presidente ao levantar rumores sobre possível apoio a um futuro adversário de Bolsonaro na eleição presidencial.
É certo que Moro ainda tem apoio popular, apesar de ter desidratado nos últimos meses. Mas diante desses percalços, agosto tem sido para o ministro o mês do desgosto. A investigação do Conselho Nacional do Ministério Público é, a partir de agora, mais um motivo de preocupação para o ex-juiz.
É a primeira vez que o conteúdo dos vazamentos é investigado. Até aqui, as ações da Polícia Federal, subordinada ao ministério comandado por Moro, tinham ido apenas na direção de descobrir quais foram os autores da quebra de privacidade das autoridades da Lava Jato e outras instituições. Algo obrigatório, já que trata-se de um crime. Os assuntos das conversas, porém, tinham sido deixados de lado até agora. A decisão do CNMP muda essa situação. O conselho, obviamente, não tem qualquer ascendência sobre o ex-juiz da Lava Jato, mas como muitas das conversas vazadas eram entre ele e Dallagnol, as consequências para um muito provavelmente trarão repercussão para a vida do outro.
O jurista Walter Maierovitch, especialista na operação Mãos Limpas, que serviu de modelo à Lava Jato, acredita que o ex-magistrado tem muito com que se preocupar. "Embora as instituições (Ministério Público e Justiça) sejam diversas e constitucionalmente separadas e autônomas, as relações umbilicais entre Moro e Dallagnol irão, — caso o Conselho o afaste ou imponha outra sanção—, abalar o prestígio do ministro da Justiça".
No âmbito político, as coisas também não andam muito bem para Moro. Foi visto como desprestígio o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado claramente que o pacote Anticrime elaborado pelo titular da Justiça não é prioridade para o governo. Comenta-se no Planalto que, apesar de levá-lo a alguns eventos recentes, Bolsonaro anda insatisfeito com Moro desde que ele reclamou do ministro Dias Toffoli, que suspendeu investigações baseadas em dados do Coaf não solicitados judicialmente (algo que beneficiou o filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro). Também a viagem do ex-juiz a São Paulo para receber uma comenda das mãos do governador de São Paulo, João Doria, desagradou o presidente ao levantar rumores sobre possível apoio a um futuro adversário de Bolsonaro na eleição presidencial.
É certo que Moro ainda tem apoio popular, apesar de ter desidratado nos últimos meses. Mas diante desses percalços, agosto tem sido para o ministro o mês do desgosto. A investigação do Conselho Nacional do Ministério Público é, a partir de agora, mais um motivo de preocupação para o ex-juiz.
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