Augusto Aras foi escolhido por Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da República - Estadão Conteúdo
Augusto Aras foi escolhido por Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da RepúblicaEstadão Conteúdo
Por Chico Alves
Por pura ironia, o destino concentrou no dia de hoje duas atividades que poderão definir o futuro da Operação Lava Jato e da própria conduta do Ministério Público Federal daqui em diante. A primeira é a sabatina no Senado do indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o cargo de procurador-geral da República, Augusto Aras. Em sua fala aos senadores, ele confirmou que os rumos da força-tarefa anticorrupção devem ser corrigidos, como já dissera antes. A outra é o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do pedido de habeas corpus que pode anular uma das sentenças contra o ex-presidente Lula. Outros casos da Lava Jato já julgados também poderão ter novo desfecho, a partir da sessão de hoje.

Aras usou tom diplomático ao se referir ao trabalho da força-tarefa de Curitiba. "A chamada Operação Lava Jato representou importante marco no combate à corrupção. As boas práticas ali desenvolvidas devem ser estendidas a todo Ministério Público", pontuou. Em seguida, mandou o recado que Deltan Dallagnol e companhia certamente entenderam muito bem: "Toda e qualquer experiência nova traz também dificuldades. Sempre apontei os excessos, mas sempre defendi a Lava Jato". Quais são, no entender de Aras, os tais "excessos", saberemos em breve.

Há outros pontos de interesse da República de Curitiba, como a anunciada intenção de "levar a experiência da Lava Jato para os estados e municípios como padrão de excelência a ser seguido". O que aparentemente seria um bom propósito poderia mudar radicalmente as prioridades da força-tarefa, como ponderou o senador Lasier Martins, do Podemos do Rio Grande do Sul. Não há dúvida que a Lava Jato viverá outros tempos com Aras na PGR.

No segundo momento importante do dia, o STF baterá o martelo sobre o pedido de habeas corpus feito pela defesa de Márcio de Almeida Ferreira, ex-gerente da Petrobras, sob alegação de que não teve como se defender de acusações feitas por outro réu, que fechou acordo de delação premiada na fase de alegações finais. Por isso, quer a anulação da condenação na primeira instância decidida pelo ex-juiz Sergio Moro.
O ex-presidente Lula e vários outros personagens que foram condenados nessas circunstâncias se enquadram no mesmo caso.

Dallagnol e companhia acompanham atentamente os dois eventos. Sambem  que muito provavelmente, a partir já das próximas ações, a Lava Jato deverá mudar bastante a sua estratégia em função do que está sendo decidido neste Dia D.