A campanha para a eleição presidencial de 2020 já está na rua e o jogo pesado entre alguns dos possíveis candidatos volta e meia aparece nos noticiários. De olho na reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não cansa de disparar torpedos na direção do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um provável concorrente. Também o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) virou alvo para os correligionários de Bolsonaro desde que anunciou a intenção de se aboletar no Planalto. A antecipação desse enredo nacional tem causado estragos em muitos espaços políticos regionais. É o caso da Assembleia Legislativa do Rio, que está sendo estremecida pelo embate dos presidenciáveis.
O primeiro partido a sofrer as consequências foi o PSDB, que é instrumento importante para a conquista de espaço da candidatura Doria em território fluminense. Em convenção realizada em maio, os tucanos elegeram Jorge Miranda, prefeito de Mesquita, o novo presidente regional. O diretório nacional, porém, fez uma intervenção e colocou o empresário Paulo Marinho, ex-apoiador de Bolsonaro e amigo do governador de São Paulo, na presidência do PSDB.
"Queremos que o PSDB faça a diferença nesse próximo pleito. O partido não conseguiu eleger nenhum deputado federal na última eleição, uma amostra de que não tem mais nenhuma conexão com a população", afirma Marinho. Ele enfrenta, porém, a resistência de um dos mais tradicionais nomes do tucanato fluminense, o deputado Luiz Paulo Correa da Rocha. "Quero acirrar as contradições com os golpistas do PSDB do Rio de Janeiro e com Bruno Araújo, o presidente golpista do PSDB nacional. Todos estão a comando do golpista chamado governador Doria", diz ele. A intervenção no diretório fluminense está sendo contestada na Justiça.
O PSL também sofre os efeitos da precoce corrida presidencial. Tudo por conta da escolha do candidato a prefeito na eleição do ano que vem. Jair Bolsonaro já anunciou que vai acompanhar de perto e até escolher os candidatos do partido para o pleito municipal, já que as prefeituras e Câmaras de vereadores serão um importante trampolim para a desejada reeleição. Há alguns meses, um dos nomes mais fortes era o de Rodrigo Amorim, que foi o mais votado para a Alerj. Mas ele perdeu força por uma disputa na família Bolsonaro, entre os filhos Flávio e Carlos. O primeiro quer Amorim, o segundo, não. No meio da pendenga, o capitão já ameaçou até lançar Hélio Lopes, o Hélio Bolsonaro, mais votado à Câmara Federal na última eleição, como o nome para a prefeitura.
Por fim, o PSC do presidenciável Wilson Witzel estaria de xamego com o DEM, de Rodrigo Maia. Essa alquimia pode render uma chapa inusitada. O DEM está propenso a lançar Eduardo Paes como postulante para voltar à prefeitura e o PSC indicaria o vice na chapa, numa dobradinha que interessaria aos dois políticos que se digladiaram no segundo turno da eleição de governador. As consequências para Witzel dessa aproximação de seu partido com o DEM são imprevisíveis na Alerj, mas ninguém acredita que o PSL vá deixar barato.
Levando-se em conta que faltam mais de três anos para a eleição a presidente, podemos imaginar o quanto de animação essa campanha antecipada vai render a quem acompanha as sessões da Assembleia Legislativa do Rio.
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