Senador e jurista Rui Barbosa defendendo habeas corpus no hoje Centro Cultural Justiça Federal  - Divulgação Centro Cultural Justiça Federal
Senador e jurista Rui Barbosa defendendo habeas corpus no hoje Centro Cultural Justiça Federal Divulgação Centro Cultural Justiça Federal
Por Thiago Gomide
O Centro Cultural Justiça Federal, no coração do Rio de Janeiro, já foi sede do Supremo Tribunal Federal. Isso de 1909 a 1960.
O que isso significa? Senta que lá vem muita história.
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E histórias polêmicas, é claro.
Como essa envolvendo o grande jurista baiano Rui Barbosa.
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Estamos em maio quase junho de 1914. O presidente era Hermes da Fonseca, que tinha vencido o próprio Rui Barbosa na disputada eleição de 1910. 
Vivendo protestos por todos os cantos, e por vários motivos, o então marido da cartunista Nair de Teffé resolve baixar um estado de sítio. Pouco tempo depois da primeira medida, foi além: resolveu prorrogar a determinação extrema.
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Era um modo de acuar a população. Hermes viveria um governo lotado de medidas autoritárias.
Rui Barbosa não se calou, pra variar. No jornal “O Imparcial”, criticou duramente as atitudes da presidência.
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Foi censurado pelo chefe da polícia. A publicação não rodou.
Há exatos 105 anos, no dia 05 de junho de 1914, o baixinho Rui Barbosa subiu no púlpito do hoje Centro Cultural Justiça Federal para defender o habeas corpus, contra a ordem do militar, contra o abuso de autoridade, a favor da liberdade de opinião. 
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Como de costume, a fala de Rui Barbosa acabou ganhando ainda mais repercussão após o veto.
Decisão: Concedida a ordem, contra 1 voto.
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Hermes da Fonseca deixaria a presidência em 15 de novembro daquele mesmo ano. A rejeição lá na altura.
Exposição
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O Centro Cultural Justiça Federal, inaugurado em 2001, e o Tribunal Regional federal da 2ª Região estão inaugurando a exposição permanente “Rio Branco, 241 – Justiça e Cultura”.
O visitante tem a oportunidade de conhecer detalhes do emblemático prédio e de suas histórias.
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Atenção pra arquitetura eclética do prédio, que começou a ser construído em 1905. Lembrando que o barato daquele momento era copiar Paris.
Dá até dor de cabeça só de lembrar que o imóvel foi interditado em 1988 porque corria o risco de desabar. Tempo passado. Ainda bem.
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Além do que já disse, ainda é possível acompanhar debates, palestras e oficinas.

O CCJF fica na Rio Branco, 241, Cinelândia, bem pertinho do metrô.
Mais informações no telefone 3261-2550. O evento, que começa às 10:30, é grátis.

Um pouco mais de Rui Barbosa, Hermes da Fonseca e Nair de Teffé
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Rui Barbosa, conhecido como Águia de Haia, é considerado um dos grandes oradores que o Brasil já teve. Desde pequeno, o pai dele treinava-o a falar em cima de caixas de madeira, do tipo de feira.
Deu no que deu.
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Hermes da Fonseca promoveu uma das grandes confusões da nossa história carnavalesca. Em 1912, ele resolveu adiar o carnaval de fevereiro pra abril. Motivo? A morte de Barão do Rio Branco. O Marechal acreditava piamente que os foliões iriam acatar o momento de dor. Resultado: a turma pulou em fevereiro e abril. Tivemos dois carnavais em um ano só.
Nair de Teffé é genial. Fez o Palácio do Catete se tornar uma verdadeira festa, com direito a música e debates políticos acalorados. Detalhe: naquela época mulher não podia nem votar. Assinava a caricaturas como Rian, seu nome ao contrário. 
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Ainda conto sobre Oscar, o mordomo de Hermes da Fonseca.

Foto da coluna
A foto da coluna mostra Rui Barbosa defendendo "segundo habeas corpus em favor de Aurélio Rodrigues Vianna, Presidente da Câmara dos Deputados e Governador em exercício da Bahia, e Manoel Leôncio Galvão, Presidente do Senado, ambos substitutos constitucionais do Governador do Estado, para que reassumam seus cargos políticos, conforme ordem do Presidente da República. Os fatos ocorridos são os mesmos descritos na petição de Habeas Corpus nº 3.137". Informação do site www.stf.jus.br.
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