Projeto para destombar Canecão é votado nesta terça-feira na Alerj. Revogação permitiria reestruturação do local.     - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Projeto para destombar Canecão é votado nesta terça-feira na Alerj. Revogação permitiria reestruturação do local. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Thiago Gomide
O destombamento do Canecão deu uma mexida na turma que quer ver novamente na ativa o templo sagrado da música popular brasileira.
A coluna abriu a gaveta das lembranças semana passada. Fomos de espetáculo da Maria Bethânia a um infantil de Chico Buarque, atravessando o mural pintado por Ziraldo. 
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Os leitores, ainda bem!, entraram na onda e dividiram bons momentos que viveram naquele cantinho. 
A forma de contato foi por e-mail ou através da página Tá na História, no Facebook.
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Qual ou quais shows foram inesquecíveis? 
Robson Silva: "O que mais me marcou foi o show do Kid Abelha, na noite de 14 de novembro de 1987, onde pela primeira vez fiquei cara a cara com minha musa Paula Toller".
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Alexandre Antunes:  "Violeta de outono no festival Plug em 1987. Black Sabbath em 1982.
Ambos inesquecíveis".
Deise Bernardo: "Muitos...mas um marcou minha vida...James Brown... pedido de namoro no dia 31 de Março de 1973. Estamos juntos até hoje..."
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Gina Augusto Marques: "O show do meu querido ELYMAR SANTOS, ótimo, casa cheia. Muito bom mesmo! Que saudades, pena que passou, bom que aproveitei. Muito, muito!!"
Eloisa Santana: "Na minha juventude trabalhei em Copacabana como babá e todos os fins de semana passava de frente o canecão ví vários artistas chegando pra cantar 1975". 
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Foram mais de 200 mensagens. Convido a acessar ( e curtir) o Tá na História para conhecer algumas declarações. 
Obrigado a todos que dedicaram um tempinho para recuperar e dividir a memória. 
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Após a coluna "Saudade do Canecão", recebi uma dura cobrança. 
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Meu tio, já citado no outro texto, me questionou o motivo de não ter falado sobre o show da Simone que ele me levou aos, sei lá, 10 anos. 
Músicas natalinas. 
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Impossível esquecer.
*
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Convidei o jornalista capixaba Vinícius Faustini, que hoje defende o ordenado no jornal O Lance!, para dividir a relação dele com o Canecão. 
Obrigado, rapaz. Está aqui o emocionante relato:
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"O Canecão começou a fazer parte da minha memória musical ainda quando eu era criança, mas por meio dos discos. Em meio a um "strip-tease poético" (expressão criada pela dupla Miéle & Bôscoli), Roberto Carlos relembrava como foi seu primeiro show na casa de espetáculos. Mais tarde, os ótimos registros em disco de Maysa, Simone e de antológicos shows, como o encontro entre Toquinho, Vinícius, Miúcha e Tom, ou dos Doces Bárbaros tentaram descrever um pouco da magia daquela casa.

Mas nenhuma gravação era capaz de dimensionar a magia do Canecão. Conheci de fato a casa em 2002, no meu primeiro ano morando no Rio de Janeiro, quando ele abriu espaço para um emblemático encontro entre Caetano Veloso e Jorge Mautner. Por mais que já enfrentasse seus problemas financeiros, a cervejaria mantinha seu repertório impecável e variado.

Ainda tive o privilégio de ver shows marcantes como os de Milton Nascimento (em espetáculo no qual apresentou, entre as cantoras iniciantes, uma certa Maria Rita), Erasmo Carlos, Kleiton & Kledir, Ney Matogrosso e testemunhar momentos curiosos. Como gravação do DVD de "A Cor do Som" entre pedidos de "aumenta o som" e participações de Caetano Veloso, Moraes Moreira e Daniela Mercury, o reencontro da Jovem Guarda (Golden Boys, The Fevers, Wanderléa e Erasmo Carlos), um genial encontro entre Milton e Caetano...

E em meio a tantos encontros e desencontros, o Canecão ainda teve tempo de rever Chico Buarque reverenciado pelo sei público no show "Carioca" (e até ser agarrado por uma fã que driblou os seguranças). Também escreveu uma nova página na sua relação com Roberto Carlos, em noite na qual ele brincou com seu TOC ("as paredes aqui estão com um tom meio marrom, né?") e voltou a cantar o verso "se o bem e mal existem" (fazendo gesto de celebração).

Também fui à inauguração do "Canequinho" (um anexo ao Canecão), em um esplêndido show do Eduardo Lages. Um espaço bem promissor, mas desperdiçado...
Ronaldo Bôscoli disse sobre o Canecão que "nessa casa se escreve a história da Música Popular Brasileira". Mas, até o último aplauso, a casa escreveu também a história de seu público. 
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