Junho bateu recorde calor - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Junho bateu recorde calorReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Thiago Gomide
No Leblon, o leitor pode encontrar uma resistência aos duros golpes da escravidão. Essa é a verdadeira alma do bairro.
Caetano Veloso escreveu:
“As camélias do quilombo do Leblon
(...)
As camélias da segunda abolição
Cadê elas?
(...)
As camélias da segunda abolição virão”

O português José de Seixas Magalhães era empresário. Tinha uma fábrica de malas e sacos de viagem, na rua Gonçalves Dias, no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Os produtos eram famosos no Brasil e fora daqui. José de Seixas Magalhães era um homem rico. Um homem rico e abolicionista.

Na chácara dele, no hoje bairro do Leblon, havia escravos fugidos. Escravos que ajudavam o homem rico, branco, português no cultivo de camélias. Escravos que eram protegidos por José de Seixas Magalhães.

Membros da confederação abolicionista frequentavam o espaço conhecido como “quilombo leblond”.

Relatos indicam que as festas eram maravilhosas. Como se não houvesse um outro dia.

13.03.1886. Sabe que data é essa? Aniversário de José de Seixas Magalhães.

As batucadas começaram cedinho. Escravos no comando. Bebida não faltava. Brindes a liberdade. Cantoria variada.

Quase um karaokê da feira de São Cristóvão.

Pra você ver como foi bom o furdunço: altas horas da madruga e abolicionistas bêbados voltando cantarolando até a Gávea, onde pegaram o bonde de volta para suas residências.

A polícia, claro, sabia que aquele quilombo existia. Todo mundo sabia que aquele quilombo estava ali.

Não adiantava. Era mais forte. Tornou-se símbolo da luta a favor da abolição.
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Princesa Isabel, inclusive, defendeu e muito José de Seixas Magalhães.

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Princesa Isabel e as camélias

Camélia era a marca de identificação entre os que seguiam as ideias abolicionistas.

Se você tinha plantada em seu jardim, bingo! Se você posava com um buque delas, bingo!

Princesa Isabel cansou de aparecer publicamente com camélias. Lógico que isso virava pauta de jornais.

No dia da assinatura da abolição, 13 de maio de 1888, as camélias estavam presentes na sala do palácio do então Paço Imperial, hoje praça XV.

Quando se tornou bairro
26.07.1919. O engenheiro Paulo de Frontin botou pra frente as obras de abertura da Avenida Delfim Moreira na orla e a urbanização da Praia do Leblon, definindo a maior parte das ruas do bairro. 

Mais informações das camélias do Leblon

O pesquisador da Fundação Rui Barbosa Eduardo Silva tem um belo livro sobre o tema. Acontece que o livro está esgotado e mesmo na Estante Virtual é complicado de ver um dando mosca.

Encontrei esse bom artigo escrito por ele. Vale a leitura.
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