Há 30 anos, Silvio Santos tentava disputar a eleição para presidente do Brasil   - Reprodução Internet
Há 30 anos, Silvio Santos tentava disputar a eleição para presidente do Brasil Reprodução Internet
Por Thiago Gomide
A eleição de 1989, para muitos pesquisadores, é considerada a mais competitiva da história.

Havia candidatos fortes, com poderes de retórica, com diversos seguidores, com atuações políticas já estruturadas.

Na corrida pela cobiçada cadeira estavam Paulo Maluf, Mário Covas, Fernando Gabeira, Enéas Carneiro, Leonel do Moura Brizola, Roberto Freire, Ronaldo Caiado, Ulysses Guimarães, considerado o pai da constituição de 1988, Lula, Fernando Collor...

Todos esses tremeram quando o nome do carioca Silvio Santos apareceu.

No início, ele tentou concorrer pelo antigo PFL, hoje DEM. A manobra não teve sucesso.

O candidato do partido acabou sendo Aureliano Chaves, que foi ministro de Minas e Energia na administração de José Sarney.

Silvio Santos, então, vai em busca do pequeno Partido Municipalista Brasileiro. O nome mais cotado pelo PMB era Armando Corrêa, que, ao saber que o “dono do baú” queria a presidência, pediu o boné a poucos dias da eleição.

Não deu nem para trocar o nome na cédula, por isso Silvio repetia insistentemente que “no dia das eleições, não haverá Silvio Santos na cédula. Marque um X no 26. Não aparece meu nome, mas o candidato sou eu”.

A campanha de Silvio Santos é um dos momentos mais emblemáticos da política brasileira.

O jingle era uma adaptação de um dos seus maiores sucessos:

“ É o 26, é o 26, Silvio Santos já chegou e é o 26...”

Há imagens dele em carros de som, dançando com populares, abraçando criança, tudo em uma animação típica do programa de domingo.

Os resultados das pesquisas que medem intenção de voto foram esperados: ele aparecia em primeiro. O povo acreditava que o ex-camelô iria dar um jeito em um país com alta inflação, desconfiança externa, casos de corrupção sendo apontados...

Faltando poucos dias para a votação que abria novamente a possibilidade da população escolher diretamente o presidente da república, uma bomba estourou: a candidatura de Silvio Santos estava impugnada.

O Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, avaliou vários pedidos de impugnação e acatou, por sete votos a zero, que o empresário não poderia concorrer por ser concessionário em uma rede de televisão. O Partido Municipalista Brasileiro foi considerado inexistente e teve seu registro cancelado.

A defesa mais enfática para barrar a chegada de Silvio Santos ao Palácio do Planalto foi estudada e desenhada por Eduardo Cunha, que descobriu, entre tantos problemas, que o partido não tinha organizado todas as convenções necessárias para que se esteja apto a disputar politicamente.

Fernando Collor de Melo, aliado e assessorado por Eduardo Cunha, venceu aquela eleição.

Recentemente, um vídeo se tornou viral no Zap: Silvio Santos brincando com a prisão daquele que o teria prejudicado.