Publicado 16/10/2019 07:40 | Atualizado 16/10/2019 09:36
Pense no Machado de Assis.
Provavelmente veio a sua mente outras fotos dele, além da que estampa a coluna, portando o “pince-nez”, também chamado de “óculos de idade”.
A partir de 45 objetos, tal qual esse do nosso escritor maior, estudiosos da história do Rio de Janeiro e de nossos personagens reconstroem fatos importantes para entender os passos da cidade.
Na minha opinião, um dos mais saborosos textos é sobre Marc Ferrez e sua inseparável câmera fotográfica, que compõe o acervo do Instituto Moreira Salles, na Gávea.
Quem assina o capítulo é Maria Inez Turazzi, pesquisadora associada do Departamento de História e Labhoi/UFF.
Ferrez, como sabemos, foi um dos grandes responsáveis pelos registros da virada do século XIX para o século XX. Muito do que temos de memória visual dessa época é fruto do trabalho desse fotógrafo.
Maria Inez Turazzi vai mais longe:
“... as imagens de Ferrez são interpretações pessoais do cenário monumental do Rio de Janeiro que ajudaram a construir a identidade estética de um território simbólico: a “paisagem carioca”.
As fotos de Ferrez, com também a câmera exposta no livro, ajudaram a vender o deslumbre de um território que une mar, mata, montanha e ainda assim é habitável.
Habitável e cheio de apontadores de jogo do bicho.
Hoje, em muitas esquinas, é possível encontrar um cidadão promovendo a aposta.
Antigamente, havia um outro método de fazer fé nos vinte e cinco bichinhos. Uma roleta. Parecida com aquelas de cassino.
“Confeccionada a partir de material relativamente barato e de fácil acesso, não se trata de um objeto feito no fundo do quintal, mas também não é fruto da produção de massa (...)”, escreveu a phD pela Universidade de Yale Amy Chazkel.
A relíquia está no Museu da Polícia Civil.
Há ainda Espada de Gomes Freire, Traves da forca de Tiradentes, Leque comemorativo do aniversário de D. João VI, Saia de Carmem Miranda, A bola do milésimo gol do Pelé e até Boneca Barbie e seus amigos no Rio.
“História do Rio de Janeiro em 45 objetos” saiu pela editora da Fundação Getúlio Vargas.
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