Praia artificial foi construída para os hóspedes do Hotel Quitandinha  - Reprodução - Livro Apostas Encerradas - Flavio Menna Barreto Neves
Praia artificial foi construída para os hóspedes do Hotel Quitandinha Reprodução - Livro Apostas Encerradas - Flavio Menna Barreto Neves
Por Thiago Gomide
O pórtico da entrada principal de Petrópolis deixa claro ao visitante que ele está na Cidade Imperial.
Após alguns metros, é a vez de encarar uma construção nababesca, daquelas que nos remete aos filmes de castelos na Alemanha.
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Galeria de Fotos

As pinturas das paredes da piscina foram inspiradas na obra de Júlio Verne Reprodução página Facebook Palácio Quitandinha
Palácio Quitandinha e o lago em formato de mapa do Brasil Reprodução Wikipedia
Praia artificial foi construída para os hóspedes do Hotel Quitandinha Reprodução - Livro Apostas Encerradas - Flavio Menna Barreto Neves
O Quitandinha já foi cenário de diversos filmes Reprodução Wikipedia
O Hotel Quintandinha tem 50 mil metros quadrados, que acomodam piscina, um imponente e histórico teatro, 440 apartamentos e mais de 10 salões – entre eles, um com trinta metros de altura.
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A decoração é um capítulo à parte: foi feita pela cenógrafa nova iorquina Dorathy Draper e inspirado no mundo e na estética hollywoodiana.
Evidente que tanta riqueza tinha por trás um grande interesse. Cassino. Jogo. Roleta. O Quitandinha foi construído para ser o centro da jogatina na América do Sul.
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Pensou em fazer uma fé no preto 22? Quitandinha. Vermelho 36? Quitandinha. Quer Black Jack? Quitandinha. Poker? Quitandinha.
Festas sem fim? Diversão? Dinheiro? Contato com os ricos e famosos? Shows de artistas badalados? Qui-tan-di-nha, meu senhor, minha senhora.
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Para atrair jogadores e concorrer com outros cassinos, inclusive o Copacabana Palace, não podia pensar pequeno: precisava de um projeto ousado e com toques megalomaníacos.
Eis que entra no palco um personagem pouco conhecido mas muito interessante: o mineiro e tricolor Joaquim Rolla, que cresceu nos negócios sendo tropeiro, ganhou dinheiro investindo em estradas e construções, teve sociedade em jornal com Roberto Marinho e, jogando baralho, conseguiu abocanhar parte do famosíssimo Cassino da Urca.
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Ele que tirou o sonho do papel. 
Mesmo sem estar pronto, o Hotel-Cassino foi inaugurado em 1944. E dava pra ver as luzes de longe. O Quitandinha parecia Las Vegas. 
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Bem, não era pra menos: uma central elétrica, que abasteceria uma cidade, foi montada para que nem um brilhinho se apagasse, para que nem um curto entrasse em cena.
A rádio Tupi, líder de audiência, tal qual fazia nos shows do Cassino da Urca, transmitiu ao vivo o furdunço de lançamento. Entre marchinhas de carnaval e afins, um comentário predominava: era um feito colocar de pé o Quitandinha em plena Segunda Guerra Mundial, com as dificuldades de locomoção e os recursos escassos. Gasolina, por exemplo, estava cara e em falta.
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Enquanto as bombas caiam em solo europeu, as bolinhas rodavam nas mais diferentes mesas. “Paris é uma festa”, como escreveu Ernest Hemingway, parecia coisa do passado.
Ok, fui um pouco exagerado, mas sente só o naipe de quem frequentou aquele espaço: o cineasta Orson Wells, Greta Garbo, Walt Disney, Carmem Miranda, Henry Fonda e até Evita Perón, presidente da Argentina. 
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Tudo tão bacana na parte interna, nada mais justo que um olhar atencioso também chegasse ao jardim.
Coroando um gramado vistoso, um lago em formato do mapa do Brasil.
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E a praia, meu filho?, deve estar me perguntando o leitor mais ansioso.
Chegamos.
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Centenas de caminhões subiram a serra levando areia da praia de Copacabana, já uma das mais famosas do mundo.
Era o toque final do empreendimento. Chique.  
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O hóspede podia pegar um bronze, com o pé na areia, caipirinha e, se batesse uma vontade, dava um mergulho.
As fotos da época mostram que alguns não tiveram vergonha em botar uma roupa de banho e pintar de madame em baixo do guarda-sol. 
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Se já existisse Instagram...
A praia artificial não deu muito certo não. Como também não deu certo o negócio do Joaquim Rolla em terras imperiais.
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O jogo foi proibido em 1946, pelo então Presidente General Gaspar Eurico Dutra, por influência direta de sua esposa, Carmela Dutra, mais conhecida como a adorável “dona Santinha”.
Sem condições de manter o Quitandinha, Joaquim Rolla vende em 1963. Era o fim de um sonho.
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Se você decidir caminhar pelo bairro que dá nome ao antigo Hotel-Cassino constatará que o mineiro de São Tomé, que vendeu gasosa quando criança e perdeu muito dinheiro no Cassino do Copacabana Palace em 1932, é lembrado em diferentes lugares.
O pórtico avisa que a Cidade é Imperial, mas o Quitandinha vai ser sempre de Joaquim Rolla.
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Obra, custo e dinheiro emprestado pra banqueiro famoso
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A obra foi orçada, na época, em 10 milhões de dólares.
Rolla pediu grana emprestada para Walter Moreira Salles, futuro dono do UNIBANCO, que, em contra proposta, tentou uma sociedade.
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Não rolou no Quitandinha.
Tiveram juntos um cassino em Poços de Caldas, interior de Minas Gerais.
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Rolla disse não ao Oscar Niemeyer
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Joaquim Rolla pediu que o famoso arquiteto fizesse o desenho do Quitandinha. O resultado não agradou.
Fim da história: Rolla contratou Luiz Fossati, que trabalhou com mais de 50 arquitetos.
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Inauguração fracassada e briga de Roberto Marinho com irmão de Getúlio Vargas
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Com a demora a servir comidas e a alta quantidade de bebidas alcoólicas, a turma foi ficando bêbada.
Muito bêbada.
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Lá pelas tantas, o encrenqueiro Benjamin Vargas, irmão do Presidente Getúlio Vargas, resolveu tirar satisfação com o empresário Roberto Marinho.
Roberto Marinho não teve medo não. Peitou o rapaz. Beja, como era conhecido, chegou a puxar o revólver.
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Graças a Deus os seguranças do Quitandinha e o próprio Joaquim Rolla apartaram.
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Piscina coberta
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A pintura das paredes da piscina coberta é inspirada em “20 mil léguas submarinas”, obra clássica do escritor francês Júlio Verne.
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Concurso de Miss Brasil
O concurso de Miss Brasil, durante muito tempo, foi disputado no Quitandinha.
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Lá, em 1954, que Martha Rocha foi coroada.
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Quantidade de funcionários
O Quitandinha chegou a ter 1200 funcionários.

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Sugestão de livros
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Quer muito, muito, muito mais informações sobre o Joaquim Rolla e sobre o Quitandinha?
Leia "O rei da roleta", do João Perdigão e Euller Corradi. Saiu pela editora Casa da Palavra. 
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Leia "Apostas Encerradas", do Fávio Menna Berreto Neves. Saiu pela editora Global mídia Comunicação.
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Página no Facebook
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Eles têm mais de 3 mil seguidores. 
 
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