Em agosto de 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo. Nós definitivamente entraríamos na Segunda Guerra Mundial.
O Carnaval daquele ano já foi meio de bode: havia muitas pessoas protestando contra uma folia em um momento que tínhamos mortos por causa dos bombardeios alemães aos nossos navios.
Uma discussão constante era por qual motivo não barrar os festejos na rua. Em bailes e clubes poderia rolar.
Como previsto, o Governo não conseguiu barrar o Carnaval após aquele agosto de 1942, mas fez de tudo a fim de limitar.
Para a polícia, o Carnaval deveria ficar longe de qualquer hipótese de irreverência. Nada de gracinha.
Em 1943, por exemplo, a polícia indicou a proibição ao uso de máscaras e canções que ofendessem a moral e o decoro público.
Conseguiu até a página 3.
O lança-perfume, na época legal, foi proibido. A título de curiosidade: só foi proibido em 1961.
A prefeitura do Rio de Janeiro parou de botar grana no Carnaval.
Em 1944 não teve o baile de gala do Municipal e houve delimitações de horários e modalidades.
No ano final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, teve limitação no consumo de bebidas alcoólicas.
O prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth, proibiu o gostoso frevo. Esse foi apenas um dos diversos ritmos proibidos.
Hitler e Mussolini se tornaram bonecos e foram malhados.
Desde 1943, os estrangeiros de países em guerra com o Brasil eram proibidos de participarem dos festejos de Carnaval.
Não custa lembrar que muitos gringos vieram para o Brasil fugindo da guerra. Eles não tinham nada a ver com nazismo, fascismo, Hitler e associados.
Dois, entre tantos estrangeiros que vieram no período para o Brasil, foram importantes para o teatro e para a literatura do nosso país. Estou falando do diretor polonês Zbigniew Ziembinski e do austríaco Otto Maria Carpeaux.
A história do Rio de Janeiro foi, sem dúvida, mudada com a chegada de tantos imigrantes. Assunto para nova coluna.
Não posso esquecer que era tempo de nacionalismo em alta. Tempo de exaltar o Brasil no desfile.
Olhe o samba-enredo da minha Portela em 1945:
"Ó meu Brasil glorioso
És belo, és forte, um colosso
É rico pela natureza
Eu nunca vi tanta beleza
Foi denominado terra de Santa Cruz
Ó pátria amada, terra adorada, terra de luz”
És belo, és forte, um colosso
É rico pela natureza
Eu nunca vi tanta beleza
Foi denominado terra de Santa Cruz
Ó pátria amada, terra adorada, terra de luz”
A letra é do mestre Ventura.
Em 1946, depois que a Guerra acabou, a festa não só voltou ao normal como foi impagável.
Em 1965, novidades apareceriam. Mas aí é outra história.
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