José Alves fez fama roubando beijos de famosos - Reprodução Internet
José Alves fez fama roubando beijos de famososReprodução Internet
Por Thiago Gomide
Está para nascer alguém que goste mais de dar uma bela bitoca que o português José Alves de Moura.
Nascido na terrinha, ele veio parar no Rio de Janeiro com 17, 18 anos. As fontes variam, mas o fato é que ele veio com uma disposição única para distribuir beijos e mais beijos.
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Convenhamos que é extremamente invasivo um cidadão chegar e te tascar um beijo no meio do nada, mas a galera politicamente incorreta não estava nem aí. Amava quando o “beijoqueiro” entrava em ação.
Nos mais diferentes cantos do Rio até apostavam em qual famoso ele conseguiria encostar os lábios. Sabe bolão?
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Foram muitos políticos e celebridades brindadas pelo “beijoqueiro”: o cantor Roberto Carlos, os craques Garrincha e Romário, o apresentador Serginho Groismann e a atriz Grazi Massafera são alguns dos premiados. No aniversário de 100 anos de Dercy Gonçalves, ele não se intimidou.
Para você ver que ele não tinha preferência política: ele beijou o ex-presidente João Figueiredo e Leonel Brizola. A cena do beijo no ex-Governador do Rio de Janeiro parece, digamos, um ataque do afeto. Tentaram segurar o gajo, mas foi tarde demais. O político gaúcho se estrebucha, não entende e, quando vê, só lhe resta abrir um amarelo sorriso.
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Dois beijos entraram para a galeria seleta do extenso currículo.
O primeiro em Frank Sinatra, no show histórico do Maracanã em 1980. Até hoje é um mistério como ele conseguiu burlar a pesada segurança. O cantor americano, depois da inesperada invasão do palco, até dá um empurrão, revoltado da vida. “O que está acontecendo? ”, deve ter pensado. A plateia ovacionou o rapaz, que saiu quase que arremessado por aqueles que foram pagos para proteger.
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O “beijoqueiro” cumpriu a promessa que fizera aos amigos. Done, diriam os americanos.
A outra é uma epopeia que proporcionaria o beijo no Papa João Paulo II e que geraria capa em todos os principais jornais do mundo, também em 1980.
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A primeira parada do religioso foi o Rio de Janeiro. Cautelosos, policiais armaram uma estratégia perfeita para que não houvesse constrangimento ao polonês Karol Józef Wojtya: prenderam o “beijoqueiro” no período em que a santidade estivesse em terras cariocas.
Você acha que isso aquietou o nosso nobre? Não. No exato momento que viu as cores da liberdade, ele pegou as trouxinhas e se mandou para São Paulo.
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Ok que não havia comunicação fácil, mas os passos de José estavam sendo vigiados. Foi botar o pé no Tietê, saindo do busão, que a polícia deteve. Resultado: botaram o camarada em um ônibus e “boa viagem de volta ao Rio”.
Você acha que isso aquietou o nosso nobre? Não. Ele ainda iria para Curitiba, terceira cidade da caravana da fé do popular líder da Igreja Católica.
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Ao chegar na capital paranaense, cana mais uma vez. Ônibus de volta ao Rio.
Você acha que, pronto, chega, ele parou com a perseguição? Não. Cla-ro que não.
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Ele fez uma famosa vaquinha com populares e arrematou uma passagem de avião rumo à Manaus.
Era o último momento do Papa por aqui. Segurança? Proteção? Impossível? O “beijoqueiro” conseguiu mandar ver nos pés do pontífice. Foram 17 beijocas. 
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Tantas aventuras renderam problemas: foram mais de 70 prisões e diversas partes do corpo fraturadas pela violência de seguranças.
Como trabalho, ele defendeu por anos a profissão de taxista. Fez fama também em um ponto da Rio Branco.
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Chegados a uma lenda, não é nada complicado encontrar pessoas que defendem que José Alves amava dar uns beijos em anônimos na região e até que tinha uma fixação por encostar os finos lábios no asfalto quente do centro da cidade.
A revista Istoé , certa vez, entrevistou um médico que cuidava de José Alves em uma clínica psíquica. O repórter queria saber como estava o paciente. “Ele beija todas as enfermeiras e tentou o mesmo comigo. Diz que vive de beijos”, respondeu o doutor.

Onde será que se encontra o "beijoqueiro"? Onde será?