Por Thiago Gomide
A Rede Bandeirantes é paulista. A Band News, mermão, é carioquíssima. Tem espírito dessa cidade. Mesmo a sucursal de São Paulo parece se inspirar aqui. Pode perceber.

Estava em um dos últimos anos de faculdade quando a Band News foi lançada. Estagiava na RedeTV!. Naquela época – e imagino que não seja muito diferente – o papo era o seguinte: se quer aprender o que é jornalismo televisivo, tenta estagiar na Band ou na RedeTV! Na rádio não seria distinto.

Domingo, Brasil em pleno escândalo do mensalão. Fazia um sol de dar gosto. Como todo estagiário dividia o papel de produtor e repórter no temeroso plantão, fui para uma coletiva de imprensa no diretório do PT. A economista Maria Conceição Tavares iria falar.

Na porta, estagiários e jornalistas profissionais esperavam o momento. Rodolfo Schneider, que se não era estagiário, mal tinha se formado, empunhando o microfone da Band. Nos conhecíamos do campo da PUC, onde João Paulo Duarte, com quase dois metros, era o rei da pequena área. Goleiro, vale frisar. Rodolfo era bom lateral, veloz, do tipo que mordia espaço fácil em qualquer peneira.

A coletiva foi um caos. Truculenta. Cheia de acusações. Parecia que fomos convidados para apanhar. Deu um nó na garganta difícil de ser remediado para um garoto de 20 anos.

Na segunda, Ricardo Boechat comentou o fato. Fiz questão de ouvir. Foi dessa maneira que tive o primeiro contato com a recém-inaugurada emissora. De alma lavada, como tantos que por muito tempo encontraram no “careca” um importante alento.

Certa vez, conversando com ele, perguntei como foi parar na rádio. “O diretor me chamou e disse que eu teria um programa. Relutei, mas não deu nem para dizer não”, explicou. Ainda bem. Redundante dizer que foi no veículo que alcançou popularidade e encontrou camadas e mais camadas. Pena não ter cruzado profissionalmente com Boechat. Pena. 

O slogan “em 20 minutos tudo pode mudar” e o dinamismo criado pela participação dos ouvintes formam pautas irresistíveis nos cursos de comunicação. Em toda faculdade que se preze há alguém discutindo isso. Como professor convidado, já levantei provocações interessantes que fizeram quase estudantes caírem no sopapo. Quando não acreditar em quem está mandando um zap com informações do trânsito? Dar ou não dar o número de celular ao vivo? Há tempo para apurar ou vai apurando enquanto tudo não muda?

Nesses quinze anos, uma turma de craques foi formada. Alguns ficaram, outros estão ocupando espaços por aí. Thaís Dias, hoje diretora de jornalismo da Band Rio, e Marcus Lacerda, atual chefe de reportagem da Band News, são duas pratas da casa. Exemplos não faltam, como o próprio tricolor Rodoldo Schneider que foi para São Paulo ser o diretor executivo de jornalismo da Band.

A coluna deseja muito sucesso a todos da equipe. É visível que não há um que deixa a bola cair. O famoso “toca o barco” do saudoso Boechat está vivíssimo. Em tempos de pandemia, buscando o colombiano Gabriel Garcia Marquez, parece que estão mais fortes. São pilares importantes para os próximos 15 anos. São pilares importantes para o desenvolvimento do Rio de Janeiro. 
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"1 segundo tudo pode mudar"
No twitter da BandNews, por exemplo, o slogan foi atualizado. Realidade pura.
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