Facha Méier - Reprodução / GoogleMaps
Facha MéierReprodução / GoogleMaps
Por Thiago Gomide
Cemitério lotado de universidades. Novas ou tradicionais. Com poucos ou com muitos estudantes. A coluna repetidamente tem alertado para esse doloroso cenário.
Evidente que a Covid-19 acelerou todo o processo, mas não pode ser encarada como a única vilã. Há uma desidratação do Fies, a falta de grana das universidades para renovar corpo docente e parque tecnológico, aumento de desemprego, grandes grupos empresariais capazes de ofertar produtos com preços mais acessíveis para um público sensível a esse fator, erros estratégicos de gestões e por aí segue uma lista enorme.
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Uma consequência, por exemplo, desse balaio de problemas é, em um momento complicadíssimo onde a única saída é o ensino a distância, a universidade não ter investido em uma plataforma personalizada às características de seus estudantes e às filosofias específicas de seus cursos, além da não capacitação dos professores para tais circunstâncias.
Faz-se uma mexida aqui, um improviso dali, mas dificilmente consegue-se esconder a poeira para debaixo do tapete. O rei fica nú e o pagador de boleto saca, questiona e tende a olhar para o lado. Sem muitas dores.
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A consultoria Atmã Educar divulgou recentemente que a pandemia colocou mais de 2 mil instituições superiores privadas com risco de sumirem do mapa. Atitudes drásticas estão sendo precisas para estancar a sangria que teima em não mostrar seu fim.
Com 22 ou 23 anos e depois de voltar de um intercâmbio biruta, juntei um grupo de amigos e lançamos uma revista universitária. Recém-formados, e intensamente inconformados, criamos uma mídia impressa gratuita em que os leitores escreviam. A distribuição era feita por nós mesmos nas portas das faculdades – o que inevitavelmente gerava desconfortos. A turma da FACHA, tanto em Botafogo como no Méier, era quem melhor nos recebia e quem mais contribuía. Brincávamos que era nosso reduto de paz, amor e produção. Farani, esquina da casa de meus pais, voltou a ser ponto de encontro.
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Doze anos depois dessa falência, entrei por aquele portão novamente. Estive (orgulhosamente) no corpo docente durante 40 dias, no começo de 2020. Vi de perto o esforço de todos para correr contra o tempo e as inevitáveis tempestades. Não havia um, de professor a gestor, do pessoal da faxina ao comercial, que não expressasse abertamente a paixão pela FACHA. Só dentro pude entender o que ouvia dos amigos coleguinhas. Só dentro pude entender o motivo de me sentir tão bem naquele canto.
Hoje, diversos funcionários e estudantes entraram em contato para avisarem sobre o fechamento das atividades na filial do Méier. Nas redes sociais muitos lamentos, diversas dúvidas e várias críticas. Alguns funcionários tentavam explicar os motivos de tal decisão e equacionar os problemas que por ventura apareciam.
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Com os olhos de quem está observando do outro lado da rua, só me cabe imaginar a dor de ter que cortar uma unidade. Há paixão envolvida. Há muitos envolvidos. Há história envolvida. A FACHA é um patrimônio da comunicação do Rio de Janeiro. O slogan “Em todo lugar tem alguém da FACHA” é a prova que a realidade vende. O jornalismo moderno deve a essa instituição. O escritor Fernando Sabino indicou fazer da queda um passo de dança. Fica a torcida para uma das nossas mais fortes bailarinas: ensinar às que passam dificuldades o retorno ao caminho dos bons ventos.  
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Reportagem O Dia
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Nesse link você tem acesso ao conteúdo da reportagem.
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Karla e Leandro
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A coluna gostaria de sublinhar a participação intensa de Karla Redig, diretora de planejamento e controle, e Leandro Lacerda, o atual coordenador do curso de jornalismo, nas redes sociais.
Pode parecer comum, mas não é. Com mais de uma década cobrindo educação, aviso: o que mais tem é gestor se escondendo na crise e equipe de mídia respondendo com emoji e afins.
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Biografia do professor Hélio Alonso
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"Hélio Alonso, a biografia de um visionário da educação" detalha os pensamentos, as vitórias e os inúmeros desafios ultrapassados pelo professor que fundou e que dá nome à instituição. 
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Comunidade solidária
A FACHA tem quase 50 anos. Em 42 deles, um cidadão esteve presente faça sol ou faça chuva.
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Ex-aluno, Léo Cabus pilota uma aprumada carrocinha de salgados ("esfirra do Largo do Machado, meu irmão") e bebidas. Fica bem na porta da unidade Botafogo.   
Nesses tempos de cólera, é de se entender que os ganhos pararam.
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Léo é uma figura tão querida que professores e estudantes estão promovendo uma vaquinha para ajudar o rapaz. 
FACHA!
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Comunicado Oficial das Faculdades Integradas Hélio Alonso - Unidade Méier
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"Os impactos provocados pela pandemia da Covid-19 nos fizeram agir de forma mais cautelosa e tomar algumas decisões importantes. Tudo isso não tem sido fácil, mas é em momentos assim que precisamos mostrar o nosso compromisso com a educação de qualidade.
Neste dia, 23 de Junho de 2020, reunimos nossos professores, colaboradores e estudantes para comunicar, com muito pesar, que a partir do próximo semestre vamos encerrar as atividades da unidade Méier.
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Durante 20 anos, o campus formou milhares de alunos, sempre pautado no respeito e transparência, sendo sinônimo de tradição e excelência. Os alunos foram convidados a continuarem seus estudos em nossa unidade Botafogo, a partir do segundo semestre de 2020. Vale ressaltar que, por enquanto, permanecemos com nossas aulas remotas.
A unidade Botafogo receberá os estudantes, professores e colaboradores do Meier no próximo semestre com todo carinho e atenção necessários para o momento de adaptação e acolhimento.
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Essa mudança pela qual o mundo tem passado, nos obriga a dar um passo para trás para poder na frente compensar o recuo.
Acreditamos que por mais difícil que seja a tomada de decisão exposta aqui, nossa responsabilidade com uma aprendizagem transformadora e nossa comunidade deve sempre falar mais alto."
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Organização Hélio Alonso de Educação e Cultura.